A canola (Brassicanapus L.) é uma cultura oleaginosa em ascensão na indústria alimentícia, principalmente na fabricação de óleos, estando atrás apenas do óleo de soja e da palma. Além disso, é utilizada como matéria prima na fabricação do biodiesel, sendo o farelo resultante dessa industrialização inserido em formulações de rações para o consumo animal.
A cultura da canola
Pertencente ao grupo das oleaginosas da família das crucíferas, a canola, destaca-se por estar entre as mais produzidas do mundo para a indústria de óleos. A planta é uma herbácea anual possuindo raiz pivotante com ramificações de raízes fasciculadas secundárias, podendo alcançar até 1,5 metros de altura, dependendo da espécie.
Seu grão é um produto alimentício considerado rico em gorduras “boas” para o consumo humano, possuindo teor de óleo entre 35% a 48% e elevado teor proteico variando entre 24 a 27% (ESTEVEZ, 2014). Na fabricação de biodiesel é utilizada como matéria prima sendo uma alternativa para a diminuição do impacto das emissões de CO2 e outros gases tóxicos provenientes da queima dos combustíveis fósseis.

Fonte: Campestre
Benefícios do plantio da canola
O cultivo da canola permite ao produtor diversificação de cultivos no período invernal, surgindo como alternativa de incremento de renda pela comercialização do seu grão. Além disso, também promove a ciclagem de nutrientes e a cobertura do solo no período de entressafra quando o cultivo de outras espécies talvez não seja tão atrativo.
Dentre os principais benefícios do cultivo da canola, podemos citar:
- Facilidade de comercialização;
- Em cultivos subsequentes ao de leguminosas e gramíneas, promove o aumento de rendimento pela melhoria da sanidade e qualidade da lavoura resultante da diminuição da incidência de pragas e doenças;
- Opção de cultivo para a rotação de culturas, atuando como descompactador do solo e favorecendo a ciclagem de nutrientes;
- Não necessita de máquinas específicas para a semeadura e colheita, além das que o produtor possui na propriedade.
Cuidados no cultivo
A produção de canola exige do produtor conhecimentos específicos, tanto para a semeadura como para a colheita. Entender essa dinâmica evita desperdícios e aumenta a produtividade da cultura.
Se tratando do cultivo da canola, há três fatores limitantes relacionados ao clima que podem ser elencados, dentre eles a deficiência hídrica, excesso de calor e os danos por geadas. O excesso de calor acelera o ciclo da planta, fazendo com que avance os estágios reprodutivos, além de ocasionar abortamento de flores, de forma que a planta não possa expressar totalmente o seu potencial produtivo. A geada afeta a cultura nos 30 primeiros dias do ciclo e na fase final da floração, enquanto a falta de água reduz o desenvolvimento das plantas e afeta a qualidade e quantidade do óleo produzido, resultando em menor valor agregado (ANTUNES, 2010).
Como em qualquer outra cultura, a semeadura é uma fase determinante para que se alcance os tetos produtivos desejados. Por isso, a premissa básica para uma boa semeadura é um solo úmido, seja no momento da distribuição das sementes no solo ou após, por meio de precipitações de baixa intensidade (TOMM, 2004).
O período entre a semeadura e a emergência é muito variável em função das condições de temperatura e umidade presentes no momento, de modo que temperaturas mais baixas associadas a pouca umidade proporcionam retardamento na emergência das plântulas (TOMM, 2010). Além disso, a densidade de semeadura deve ser adequada, com um mínimo de 40 plantas distribuídas uniformemente por metro quadrado, levando em consideração para isso um espaçamento de 40 cm entre linhas.
Na semeadura da cultura é associado também a adubação com fertilizantes nitrogenados com formulações NPK, (nitrogênio, fósforo e potássio) e enxofre. As formulações comumente utilizadas são 10-20-20 ou 06-26-10 ou 08-18-18 e 10% de enxofre (S), aplicando-se 150 a 300 kg/ha de formulação. A adubação de cobertura é realizada após 40 dias da semeadura estando a planta com 4 folhas verdadeiras, sendo aplicado 50 a 100 kg/ha de ureia (TOMM, 2010).
A colheita é realizada quando as plantas atingem uniformidade de maturação, para isso é recomendado realizar a dessecação da lavoura visando obter uniformidade e garantir a qualidade dos grãos, minimizando as perdas de impurezas. Devendo a dessecação ocorrer quando 70% das plantas estiverem com os grãos de coloração preta. A umidade dos grãos não deve ultrapassar 18% de umidade e a colhedora operar com velocidade reduzida, peneiras fechadas e baixa rotação do cilindro (400 rpm a 600 rpm) (MALDANER, 2023).
Conclusão
A cultura da canola tem grande potencial de desenvolvimento no Brasil, tanto para a indústria alimentícia quanto para a produção de biodiesel. Sendo assim, a adoção dessa cultura traz benefícios não só para o produtor, mas para toda a cadeia produtiva do agronegócio.
Por: Ricardo Carlos Remos e Thaysla Vezaro Wiedemann, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
Referências
COTRISOJA. Desmistificando o cultivo da canola: dicas para ter sucesso e rentabilidade com a cultura. Cotrisoja, 2024. Disponível em: <https://cotrisoja.com.br/desmistificando-o-cultivo-da-canola-dicas-para-ter-sucesso-e-rentabilidade-com-a-cultura/>. Acesso em: 19 dez. 2024.
DEIMLING, M. J.; TOMM, G. O.; CHARTIER, J. K. et al. Estratégias de manejo para a cultura da canola.Scientia Agraria Paranaensis, v. 9, n. 1, p. 76-87, 2010. Disponível em: <https://saber.unioeste.br/index.php/scientiaagraria/article/view/8177>. Acesso em: 19 dez. 2024.
EMBRAPA. Canola: estratégias para vencer o clima. Portal Embrapa, 19 dez. 2024. Disponível em: <https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/18118323/canola-estrategias-para-vencer-o-clima>. Acesso em: 19 dez. 2024.
ESTEVEZ, M. Composição nutricional e usos da canola.Revista de Agricultura Sustentável, 2014. Disponível em: <https://www.agriculturasustentavel.com.br/estevez-canola>. Acesso em: 19 dez. 2024.
GAZZONI, D. Canola para biodiesel. BiodieselBR, 5 out. 2012. Disponível em: <https://www.biodieselbr.com/noticias/colunistas/gazzoni/canola-biodiesel-051012>. Acesso em: 19 dez. 2024.
MALDANER, I. M. Técnicas de colheita da canola.Revista Agropecuária, 2023. Disponível em: <https://www.revistaagropecuaria.com.br/maldaner-colheita-canola>. Acesso em: 19 dez. 2024.
TERRAMAGNA. Canola: cultivo, benefícios e desafios. Terramagna, 2024. Disponível em: <https://terramagna.com.br/blog/canola/>. Acesso em: 19 dez. 2024.
TOMM, G. O. Semeadura da canola: técnicas e práticas recomendadas. Embrapa, 2004. Disponível em: <https://www.embrapa.br/publicacao/12345>. Acesso em: 19 dez. 2024.
TOMM, G. O.; FERREIRA, P. E. P.; AGUIAR, J. L. P. de; CASTRO, A. M. G. de; LIMA, S. M. V.; DE MORI, C. Panorama atual e indicações para aumento de eficiência da produção de canola no Brasil. Embrapa Trigo, 2010. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/883784/panorama-atual-e-indicacoes-para-aumento-de-efficencia-da-producao-de-canola-no-brasil>. Acesso em: 19 dez. 2024.