O agricultor é peça central na sustentabilidade agrícola, fornecendo soluções capazes de gerar novas oportunidades. Independente da sua região, os produtores rurais são capazes de reduzir as emissões de carbono realizando certas práticas agrícolas consideradas “inteligentes em carbono”. Essa capacidade da agricultura de capturar e sequestrar o carbono no solo, possibilitam o acesso dos agricultores aos diferentes mercados de carbono.
Embora o mercado de carbono não seja algo novo, é recente o início do pagamento pelos créditos de carbono gerados na agricultura, prática já adotada em alguns países. Simplificando, um crédito de carbono é uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que foi sequestrado ou reduzido. Por ser uma prática recente, ainda pode gerar dúvidas, porém, é visível as grandes possibilidades que esse mercado oferece. É por isso que o agricultor deve cercar-se de parceiros que já estão visualizando essas novas oportunidades.
O que são Créditos de Carbono na agricultura?
É importante entender que qualquer cultura agrícola faz parte de todo o ciclo do carbono. Por exemplo, quando o produtor cultiva uma planta de soja é o mesmo que praticar o sequestro de carbono em pequena escala. Isso ocorre pois as plantas utilizam o dióxido de carbono (CO2) do ar durante a fotossíntese e quando atingem a senescência (fase final desenvolvimento biológico), sua estrutura baseada em carbono começa a decair. Neste momento, parte do carbono é liberado no ar e parte fica sequestrado no solo.
As gramíneas absorvem rapidamente o CO2 do ar no seu processo de fotossíntese, porém, tendem a liberá-lo rapidamente quando se decompõem. Nesse momento, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como o plantio direto e a rotação de culturas, já adotadas por boa parte dos agricultores, é uma forma de manter o carbono sequestrado no solo. Tais práticas agrícolas possibilitam aos produtores rurais transformar o sequestro de carbono em créditos de carbono.
Como posso obter créditos de carbono?
Para participar do mercado de carbono é necessário ingressar em projetos de Carbono. Existem inúmeros projetos em execução, mas o mais comum deles é relacionado a necessidade de o agricultor alterar algum tipo de manejo do seu sistema agrícola. Mas como identificar se uma nova prática agrícola pode gerar crédito de carbono?
Para que uma prática sustentável de redução e remoção de carbono seja qualificada, e tenha potencial para gerar créditos de carbono, ela deve atender alguns critérios, como:
1. Redução e remoção real: é preciso que a nova prática agrícola a ser implementada na propriedade realmente consiga reduzir a emissão e/ou possibilite a remoção de carbono.
2. Adicional: a redução e/ou remoção do carbono, devido a implementação da nova prática, precisa ser adicional. Isso significa que é preciso remover e/ou reduzir a emissão de mais carbono, devido a implementação da nova prática agrícola.
3. Permanente: é preciso que a nova prática agrícola implementada consiga manter a redução de emissões e/ou a remoção de carbono.
4. Verificável: a nova prática agrícola implementada precisa ser verificável. Isso significa que é preciso quantificar a redução e/ou a remoção do carbono. Essa mensuração é realizada antes e após a implementação da nova prática agrícola.
5. Vazamento: o vazamento significa que o processo de redução de carbono não deve resultar na criação de mais carbono; ou seja: para reduzir e/ou remover o carbono na área A, não pode ocorrer devido ao aumento da emissão de carbono na área B.
Pensando no futuro
O agricultor brasileiro alimenta o Brasil e exporta mais de 200 produtos do agro para mais de 80 países. O país também possui o maior rebanho comercial de bovino do mundo, além de ser um dos maiores produtores de suínos, aves, ovos e leite. A cada quatro produtos do agronegócio em circulação no mundo, um é brasileiro. Passamos de 21 milhões de toneladas de grãos em 1970, para mais de 240 milhões de toneladas de grãos, isso significa que o agricultor brasileiro soube poupar a terra e ser produtivo, utilizando da ciência e da sua competência.
Podemos citar a produção eficiente nas diversas culturas agrícolas, possibilitando uma produção sustentável; o manejo integrado de pragas e doenças, aumentando a eficiência no controle e gerando produtividade; e a integração lavoura-pecuária-floresta, possibilitando a produção de grãos, carne, leite e madeira, na mesma área. Todas essas práticas, como consequência, geram mais sustentabilidade, mais produção e menos emissão de CO2. A agricultura com a adoção do Plantio Direto e do Sistema Plantio Direto, possibilitou a redução do consumo de combustíveis, do revolvimento do solo e, como resultado, menor emissão de CO2.
O Brasil possui uma das agriculturas de menor emissão de gases de efeito estufa (GEE). Hoje, no mundo, somos uma população de 7,8 bilhões e o número projetado para 2050 é de 9 bilhões. Diante disso, surgem grandes desafios e enormes oportunidades.
O produtor rural brasileiro sempre foi pioneiro nas novidades e oportunidades voltadas aos agronegócios. Em um futuro não tão distante, será possível olhar o carbono como uma nova “cultura”, semelhante as outras culturas que os agricultores produzem em suas propriedades. Certamente, além de exportar alimento para o mundo, o Brasil exportará “sustentabilidade”, a partir dos diferentes mercados de carbono.