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Complexo de doenças do trigo: como ser assertivo no manejo

Desenvolver habilidades para detectar precocemente as doenças no trigo e implementar estratégias de manejo adequadas é essencial para mitigar os riscos e garantir uma produção saudável e rentável

O trigo pode apresentar diversas doenças causadas por patógenos fitopatogênicos (fungos, bactérias e vírus). Essas doenças são resultantes de distúrbios no funcionamento normal da cultura, como o funcionamento de células, tecidos e órgãos, podendo assim acarretar danos significativos não apenas na produção do cereal, mas também no retorno econômico ao agricultor. 


Nesse contexto, entender as doenças que afetam o trigo, como o mosaico-do-trigo, a brusone, o oídio e a giberela, é fundamental para os agricultores, bem como desenvolver habilidades para detectá-las precocemente e implementar estratégias de manejo adequadas. O conhecimento técnico aliado à adoção de práticas agrícolas sustentáveis torna-se essencial para mitigar os riscos e garantir uma produção saudável e rentável.


Principais doenças que compõem o complexo:


Mosaico comum do trigo


O mosaico comum do trigo é causado pelo Soil-borne wheat mosaic virus (SBWMV), que é transmitido por Polymyxa graminis. O microrganismo é residente no solo e é parasita obrigatório de raízes de plantas, tendo seu aparecimento favorecido em condições de alta umidade e em regiões frias. A longa persistência do vetor no solo, que pode exceder cinco anos, e a diversidade de plantas hospedeiras, tornam o controle dessa virose desafiador, exigindo, predominantemente, abordagens baseadas em resistência genética.


Os sintomas típicos da virose são a alternância de áreas da folha e colmo com descoloração em faixas bem definidas ou em forma alternada. Essas faixas podem ser mais esbranquiçadas, amareladas ou até mesmo evoluírem para rápida necrose.


Fonte: Embrapa.



Brusone


Pyricularia grisea é um fungo que causa a doença conhecida como brusone em plantas de trigo, refletido em sintomas visíveis em folhas, colmos e espigas. Embora pouco frequentes, os sintomas podem estar presentes antes do início do florescimento, sendo identificados por lesões elípticas nas folhas que variam de branco a marrom-claro, com bordas que podem variar de cinza escuro a marrom avermelhado.


A infecção das espigas pode resultar em áreas brancas a partir do ponto de infecção na ráquis. A infecção na ráquis interfere na translocação de nutrientes para as partes superiores da espiga, resultando em grãos pequenos, enrugados, deformados e de baixo peso.


A doença pode ser favorecida pela combinação de condições como temperatura entre 24 ºC e 28ºC, alta umidade e períodos constantes de chuva.


Fonte: Embrapa.


Oídio


O oídio, causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. tritici, é uma doença foliar na cultura do trigo, a qual acarreta diminuição de espigas e do seu tamanho, ocasionando uma perda significativa no rendimento da cultura.


Seu patógeno é um biotrófico, que se mantém na entressafra sobre plantas voluntárias e em restos culturais de trigo, sendo disseminado pelo vento. Sua sintomatologia na folha é evidenciada pelos tecidos amarelados e esbranquiçados, podendo ser severamente atacada ocasionando sua abscisão. A alta umidade relativa do ar, temperatura amena e períodos sem precipitações pluviais são favoráveis ao desenvolvimento da doença.


Fonte: Embrapa.



Giberela


Causada pelo fungo Fusarium graminearum, a giberela é influenciada por condições ambientais favoráveis, como temperatura entre 20ºC e 25ºC, com frequentes chuvas, principalmente em condições de El Niño. Sua sintomatologia é analisada nas aristas, que desviam do sentido das espiguetas que não são afetadas.


As espiguetas afetadas ficam com coloração esbranquiçada, como cor de palha, podendo ficar com o pedúnculo com cor marrom, em casos de severidade. Esses promovem uma produção de grãos chochos, enrugados, de coloração branco-rosada a pardo-claro, afetando seu tamanho e o rendimento da cultura.


Fonte: Embrapa Trigo


Estratégias de manejo integrado de doenças


Para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade da produção, o bom manejo é de extrema importância e deve iniciar a partir de um diagnóstico preciso. Esse diagnóstico pode ser visual, baseado em sintomas, ou a partir de análises mais específicas, realizadas em laboratório. Dessa forma, as tecnologias e as soluções que temos à disposição no manejo são estratégias que o produtor pode adotar em campo para conseguir um bom resultado.


O excelente manejo de doenças depende de diversos fatores, nesse sentido, a combinação de manejos serve para prevenir, controlar e gerenciar as doenças que afetam a cultura desde o pré-plantio até pós-colheita. Dentre elas, existem algumas que são de maior eficiência, como o uso de rotação de culturas, que consiste em alternar culturas plantadas na mesma área na mesma época do ano, como forma de reduzir a incidência de patógenos específicos da cultura. Outra, é o manejo entressafra, que oportuniza manejar o solo, controlando as plantas voluntárias que podem ser hospedeiras alternativas de patógenos e fontes de inóculo de algum patógeno.


Além disso, existem métodos preventivos, como a escolha de cultivar resistente, sendo ela a seleção de cultivar visando o maior conjunto de resistência a diferentes tipos de doenças. O tratamento de sementes também é uma das alternativas indicada para o controle de algumas doenças fúngicas. Ademais, manter o equilíbrio na adubação nitrogenada é um dos fatores que pode ajudar na sanidade da lavoura. Existem também métodos químicos a exemplo do uso dos fungicidas, como os grupos triazóis e estrobilurinas, que vão contribuir na eficiência de manejo dessas doenças.


Texto escrito por Bianca Carolina Bariquelo e Berno Alexis, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Dra. Gizelli Moiano de Paula.



Referências:

Imagem de capa: Embrapa Trigo

BRUNETTO, E. et al. Mistura de cultivares de dois componentes no manejo de múltiplas doenças do trigo. Disponível em: Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Número V.12, n.3, p.269-276, 2017.Acesso em: 02/06/2024.


EMBRAPA. Momento de observar o oídio em trigo. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


EMBRAPA. Brusone - Portal Embrapa. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


EMBRAPA. Doenças - Portal Embrapa. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


EMBRAPA?. Giberela - Portal Embrapa. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


LAU, D. et al. Mosaico-comum-do-trigo - Portal Embrapa. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


LAU, D. et al. Principais doenças do trigo no sul do Brasil: diagnóstico e manejo. - Portal Embrapa. ComTec-375-Online-2021. Disponível em: . Acesso em: 27 maio. 2024.


PONGELUPPI, T. BASF. Trigo: suscetibilidade de cultivares às doenças. A resistência genética é um dos pilares do manejo integrado de doenças na cultura do trigo. Disponível em: https://agriculture.basf.com/br/pt/conteudos/cultivos-e-sementes/trigo/suscetibilidade-de-cultivares-as-doencas-na-cultura-do-trigo.html. Acesso em: 27/05/2024.


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