A temperatura do ar controla a velocidade do metabolismo das plantas, existindo diferenças entre os estágios de desenvolvimento, bem como nos processos de crescimento e desenvolvimento dos vegetais.
O trigo é uma cultura de inverno, que tolera as temperaturas mais baixas, e também é favorecido pelo clima mais seco da estação, porém ele não é tolerante ao frio durante todo o seu desenvolvimento, dependendo do seu estágio ou subperíodo de desenvolvimento o frio pode acabar causando prejuízos à cultura.
A temperatura do ar possui grande impacto na definição dos componentes de rendimento do trigo, afetando também a duração das fases de desenvolvimento e o crescimento dos diferentes órgãos da cultura, como folhas, flores, espigas, espiguetas e grãos.
Sabe-se que a temperatura ótima do trigo não deve ser muito baixa, pois pode acabar paralisando seu crescimento. Porém, na fase inicial da cultura, as plantas jovens até seus 40-45 dias toleram bem o frio, porque ocorre o prolongamento do crescimento vegetativo, onde o frio estimula a produção de novos perfilhos, resultando também em um sistema radicular mais abundante, que é muito importante na fase inicial para uma melhor absorção de água e nutrientes do solo.
A geada é benéfica ao trigo no início do seu desenvolvimento, pois reduz as pragas e as doenças, beneficiando o estabelecimento da cultura de forma indireta. A partir da fase de alongamento do trigo, as geadas e temperaturas baixas podem causar a queima de folhas, e o rompimento da parede celular no ponto de crescimento, chamado de “estrangulamento”. Esse sintoma acaba impedindo a passagem de fotoassimilados para a espiga, refletindo no rendimento final da cultura.
A fase de espigamento e principalmente a floração, são as etapas que apresentam maior sensibilidade às baixas temperaturas, podendo sofrer sérios danos como por exemplo, a desidratação do pólen tornando as plantas inférteis, e podendo haver a redução de números de grãos por espigueta ou ocasionando perda no enchimento do grão. Contudo, se ocorrer uma geada nessa fase da planta, os danos podem ser bem significativos, e quando severa podendo ser danos extremos.
Temperaturas do ar e seus danos ao desenvolvimento e crescimento da cultura
Para o estabelecimento da cultura do trigo nas lavouras, as temperaturas ideais variam entre 15 °C a 20 °C, e é necessário se tercuidado para que a cultura não seja estabelecida com temperaturas acima de 26°C, pois podeacabar ocasionando redução da massa seca de plântula e a da eficiência de uso das reservas da semente, que causa diminuição do rendimento pelo encurtamento do ciclo de desenvolvimento.
Na fase de perfilhamento da planta, por tolerar as temperaturas mais baixas, o ideal pode variar de 8 °C a 18 °C para que se tenha um melhor perfilhamento. Da mesma forma, na fase de desenvolvimento das folhas, se tem uma menor tolerância do trigo a temperaturas muito baixas, o ideal deve variar entre 20 °C a 25 °C.
Temperaturas menores de 1°C na fase de espigamento e florescimento causam a redução do número de grãos por espigueta, geadas ocorridas com temperaturas abaixo de -2°C podem acarretar perda total no florescimento.
Para que os riscos de perdas com geada sejam menores, é recomendado o escalonamento da época de plantio, ou seja, cultivares mais suscetíveis devem ser plantadas mais tardiamente para que não sejam afetadas em sua fase reprodutiva pela geada ou pelas baixas temperaturas.
Os danos por geadas e o comprometimento da lavoura, não são manifestados imediatamente, podendo ser observados num período de 10 dias após a ocorrência do fenômeno. Por isso, é de grande importância seguir os períodos de semeadura indicados pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) da cultura, que variam dependendo da região.
O desenvolvimento do trigo com temperaturas elevadas, é um fator limitante na produtividade da cultura, por este motivo, as áreas de melhoramento genético têm trabalhado em cima de genes que são tolerantes ao calor, devido a disponibilidade de área de produção para o trigo sequeiro em regiões do cerrado brasileiro.
As temperaturas altas causam perda na produtividade tanto quanto as baixas temperaturas extremas, pois encurtam a duração do ciclo da cultura, reduzindo área foliar, acúmulo de massa seca e estatura de plantas, além de problemas de enchimento de grãos. O calor acarreta na aceleração do metabolismo de respiração da planta, ocorrendo redução na síntese de amido que consequentemente não vai ser depositado nos grãos, diminuindo a qualidade e produtividade.
A planta de trigo depende muito da temperatura para seu desenvolvimento, desde a fase de sua emergência até a maturação dos grãos. Por esse motivo a grande importância de seguir as informações do ZARC, pois em casos de períodos climaticamente desfavoráveis, irá implicar na redução da produtividade da lavoura implantada.
Contudo, a região mais produtiva do trigo é a região Sul do Brasil, por conta do clima frio e seco, tornando-se o mais favorável para o desenvolvimento da espécie. Porém a maior limitação são os invernos mais úmidos que aumentam o aparecimento de doenças e também as geadas tardias que prejudicam a cultura posteriormente.
Texto escrito por Isadora Bauchspiess Figueiró e Luiz Henrique Lapazin Manfio, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Dra. Gizelli Moiano de Paula.
REFERÊNCIAS
Imagem de capa: Eduardo Meneghetti/Embrapa trigo
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