A evolução e adaptação das plantas daninhas deve-se, principalmente, à seleção de biótipos resistentes ou espécies tolerantes a determinados herbicidas. Essas condições são baseadas em fatores genéticos, inerente a cada espécie; fatores bioecológicos, como tipo de reprodução, propagação de sementes, longevidade do banco de sementes e suscetibilidade aos herbicidas; fatores agronômicos, que é o manejo realizado em cada lavoura, sendo esse o que gera maior impacto na evolução e adaptação das plantas daninhas.
Principais plantas daninhas resistentes a herbicidas:
- buva (Conyza sp.);
- azevém (Lolium multiflorum);
- leiteiro (Euphorbia heterophylla);
- capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
- capim arroz (Echinochloa crus-galli);
- capim amargoso (Digitaria insularis);
- caruru (Amaranthus sp.).
Principais plantas daninhas tolerantes a herbicidas ou de difícil controle:
- losna (Ambrosia artemisiifolia);
- capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis);
- vassourinha de botão (Spermacoce verticillata);
- trapoeraba (Commelina sp.);
- poaia (Richardia brasiliensis);
- corda de viola (Ipomoea sp.).
Semeadura no limpo
Por causa da diversidade e grande número de espécies, o manejo de plantas daninhas deve ser realizado de forma contínua e integrado, pois tem-se plantas que germinam ou se multiplicam em diferentes épocas do ano, fazendo com que haja fluxo germinativo ou rebrote ao longo das estações. O preparo para a entrada da cultura na área é realizado através da dessecação, que é de extrema relevância para obter êxito na atividade, pois a semeadura no limpo é o passo mais importante para que a cultura se estabeleça no limpo, evitando a mato-competição na fase inicial, período crítico para acentuadas perdas de produtividade. Na foto abaixo, exemplificamos a importância de iniciar a cultura no limpo:
Lavoura semeada com a presença de plantas daninhas.
Plantas daninhas em estágio avançado de difícil controle.
Estratégias para dessecação
Dentre as estratégias para a dessecação, devem ser utilizadas aplicações sequenciais de herbicidas, que consiste na aplicação de herbicidas sistêmicos associados ou não e, dentro de um intervalo de alguns dias ou semanas, complementar com herbicidas de contato ou ação mais aguda. Essa estratégia ajuda a controlar de forma adequada espécies de difícil controle e novos fluxos de plantas daninhas que emergiram após a primeira aplicação. Essa aplicação complementar (sequencial), como é realizada próximo ou no momento da semeadura, deve-se utilizar herbicidas que não tenham atividade fitotóxica a cultura.
Quais os benefícios do uso de herbicidas pré-emergentes?
Os herbicidas pré-emergentes são grandes aliados ao combate e prevenção da resistência de plantas daninhas. Ao utilizarmos esses herbicidas, rotacionarmos diferentes mecanismos de ação, fator essencial no manejo da resistência e, possuem ação de controle logo após a germinação das plantas daninhas. Em muitas vezes, pode-se até diminuir o número de aplicação de herbicidas em pós-emergência das culturas. Além disso, há nenhum ou poucos casos de resistência de plantas daninhas registrados para esses herbicidas.
Como escolher o herbicida pré-emergente ideal?
A escolha do qual herbicida pré-emergente utilizar, deve ser levado em consideração o tipo de solo, a cultura a ser implantada e o planejamento das culturas que virão em sequência. Isso evita efeitos de fitotoxicidade, principalmente em culturas mais suscetíveis a algumas moléculas, como por exemplo, girassol e canola suscetíveis ao efeito residual longo de alguns herbicidas inibidores da ALS.
Também precisamos conhecer as espécies de plantas daninhas que temos presente na área, tanto em relação a classificação botânica, quanto ao histórico de resistência a determinados herbicidas. Pois herbicidas pré-emergentes, assim como muitos herbicidas pós-emergentes, possuem maior especificidade.
Quando aplicar?
Outro fator importante, tratando-se de herbicida pré-emergente, é o momento ideal para realizar a aplicação. Muitos trabalhos já têm demonstrado que a eficácia desses herbicidas está diretamente ligada as condições hídricas do solo. Como são moléculas que serão absorvidos via solução do solo, há a necessidade de haver umidade suficiente para que o herbicida se incorpore ao solo, obtendo condições ótimas quando ocorre chuva leve logo após a aplicação. Fatores como palhada verde no momento da aplicação reduz significativamente a ação desses herbicidas. Outros fatores, não menos importantes, que devem ser considerados é pH e teor de argila no solo.
Conclusão
O manejo de plantas daninhas não se inicia na dessecação e não termina no ciclo da cultura, mas perdura ao longo do ano, entrando no planejamento da lavoura, indo além do uso apenas de herbicidas. A rotação de cultura, as coberturas de solo no período entre-safra da cultura principal, correção do solo, tanto física como química, manejo cultural, estádios de desenvolvimento das plantas daninhas (ideal controlar plantas de 3 a 4 folhas), temperaturas muito baixa ou muito alta afeta negativamente, assim como qualidade da água, volume de caldae tecnologia de aplicação. Tudo isso são itens e aspectos que obrigatoriamente devem ser levados em consideração no manejo integrado de plantas daninhas.