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Ao longo do crescimento, as plantas visam priorizar os nutrientes necessários para o desenvolvimento pleno em cada estádio fenológico. No início do desenvolvimento da soja, as demandas iniciais se concentram em molibdênio, níquel e cobalto, visando estabelecimento inicial e nodulação. Em seguida, destacam-se o manganês, o zinco, o fosforo, o cobre e o boro, participando da fotossíntese, do sistema antioxidante, do processo de floração, da redução do nitrato, entre outras demandas do organismo vegetal.
No final do desenvolvimento, o enchimento de grãos é mediado por dois nutrientes principais, o magnésio e o potássio, nutrientes essenciais para atingir elevadas produtividades.
Qual a perda de produtividade que pode ocorrer no período de enchimento de grãos?
As plantas de soja possuem uma estratégia de crescimento e desenvolvimento voltada a, inicialmente, focar no enraizamento e na nodulação, passando por um intenso crescimento de tecidos vegetativos de parte aérea (especialmente folhas). O processo é segue com o crescimento reprodutivo, onde são formadas as flores, vagens e, finalmente, os grãos.
Mesmo com o número de vagens e grãos definidos, as plantas podem perder uma considerável fração do seu potencial produtivo. Estima-se que, desde o início do enchimento de grãos (R5.1) até a maturação (R7), pode ocorrer uma perda de aproximadamente 30% do potencial produtivo, cerca de 1% ao dia. (Ritchie et al., 1977; Navarro Jr e Costa, 2002).
A eficiência no processo de enchimento de grãos é fundamental para o sucesso da sua lavoura
A composição dos grãos da soja é variável de acordo com o genótipo e com o crescimento e desenvolvimento das plantas. De modo geral, as proteínas compõem de 36% a 40% do peso de grãos, os açúcares de 18% a 22%, lipídeos de 16% a 20% e o restante é compreendido por fibras, minerais e água.
Assim, quanto maior a produção de proteínas e açúcares, maior a probabilidade de termos grãos mais pesados. Contudo, não é apenas a produção desses compostos que é importante, mas também a sua translocação da fonte (folhas) para os drenos (grãos).
Quais nutrientes estão relacionados com o enchimento de grãos?
O transporte de açúcares das folhas para os grãos ocorre através do floema, que são vasos condutores da planta. O magnésio (Mg) tem importância fundamental na etapa inicial de carregamento dos açúcares para dentro do floema (Figura 1). Posteriormente, o potássio (K) entra em ação promovendo a entrada de água no floema (pelo ajuste osmótico), gerando uma pressão que auxilia no transporte do açúcar até o dreno principal (grãos) (Tabela 1).
Outros nutrientes são importantes nesse processo. O boro (B), por exemplo, evita a formação de calose no floema, que poderia obstruir os vasos, já o fósforo (P) é essencial para a produção de energia para o processo.
O que acontece em condições de deficiência de Mg e K
Além de ser importante para o transporte de açúcares, o Mg está ligado a importantes processos, como a fotossíntese e fotorrespiração (Rodrigues et al., 2021). Semelhante ao Mg, o K tem outras importantes funções além do transporte de assimilados, como a fotossíntese, a ativação enzimática e o ajuste osmótico, que são processos fisiológicos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas (Pettigrew, 2008).
Plantas deficientes em Mg e K tendem a encher menos os grãos (baixo peso de grãos), acumulando açúcares nas folhas e, assim, aumentando o risco da formação de moléculas tóxicas (espécies reativas de oxigênio-EROs) em condições de alta luminosidade. Essas moléculas tóxicas geralmente causam danos às folhas, com sintomas similares à “queima” ou “encharcamento” (Figura 2), limitando a capacidade fotossintética das plantas.
Aumente a rentabilidade da sua lavoura de soja com a suplementação de Mg e K na fase de enchimento de grãos
Apesar da exigência de Mg pelas plantas de soja ser relativamente baixa (extração de 10,7 kg ton-1) (Embrapa, 2020), nos últimos anos tem sido recorrente a sua deficiência em plantas cultivadas, devido à alta exportação deste nutriente ou pela inibição competitiva em função das elevadas doses de K (Faquin, 2005; Cakmak. & Yazici, 2010).
Já o K é requerido em maior quantidade pelas plantas de soja, sendo a sua extração de aproximadamente 58 kg ton-1 (Embrapa, 2020). Assim, a aplicação de produtos contendo Mg e K via foliar no início do período de enchimento de grãos tem sido uma interessante alternativa de manejo, obtendo-se incrementos em produtividade em diversas culturas, sobretudo na soja (Cakmak et al., 1994; Altarugio et al., 2017).
Desta forma, a completação desses nutrientes nos estádios fenológicos adequados da cultura (R5.1 ou fracionamento entre R3 e R5) garantem incremento no transporte de nutrientes, na manutenção das moléculas de clorofila (que atuam na produção de fotoassimilados) e na redução de algum estresse fisiológico que possa afetar a planta, refletindo em incremento em produtividade.
Bibliografia
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