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Tratamento de sementes de trigo: entenda a importância para o controle de pragas e doenças iniciais

O tratamento de sementes de trigo é fundamental para controlar doenças e pragas no início do desenvolvimento da cultura. Patógenos transmitidos pelas sementes e presentes nos restos culturais podem causar danos significativos.

Nos últimos anos, vem aumentando o investimento em tecnologia e a área cultivada com trigo (Triticum aestivum) na região Sul do país, como mais uma alternativa de renda em muitas propriedades. O trigo, como principal cultivo de inverno, em muitas safras anteriores tem sido tratado mais como uma opção de cobertura de solo, com baixo investimento e produtividade, bem diferente como a cultura vem sendo tratada nos últimos anos, e que tem atraído a atenção de produtores com aumento significativo na sua área de cultivo, tanto é, que o Rio Grande do Sul superou o estado do Paraná em área cultivada, na última safra.


Pensando no estabelecimento da lavoura de trigo, o tratamento de sementes (TS) entra como um fator chave. Esta ferramenta assume importância fundamental para o controle de doenças e pragas na fase inicial do desenvolvimento da cultura.

Diversos patógenos que compõem o quadro epidemiológico de doenças com importância econômica no trigo, podem ser transmitidos via semente, enquanto outros permanecem residindo nos restos culturais por longos períodos. Além disso, pragas importantes como corós, pulgões e lagartas podem ocasionar danos imediatamente após a semeadura ou emergência da cultura do trigo podendo comprometer o rendimento final de grãos.


Principais doenças e pragas controladas

O tratamento de sementes no trigo pode ser indicado para o controle de doenças causadas por fungos, que iniciam o quadro epidemiológico através do inóculo presente na própria semente ou presentes em restos culturais. Entre estes fungos fitopatogênicos estão os causadores de mancha-amarela (Dreschslera tritici-repensis), mancha-marrom (Bipolaris sorokiniana), carvão da espiga (Ustilago nuda f. sp. tritici) e podridão comum das raízes (Fusarium graminearum e Bipolaris sorokiniana).


Normalmente, lavouras de trigo que tiveram a incidência de manchas foliares e podridão comum das raízes permanecem com o inóculo primário dos agentes causais residindo nos restos culturais, por aproximadamente 18 meses. No entanto, devido ao potencial dos patógenos alcançar as espigas e infectar os grãos em formação, as sementes colhidas podem se tornar uma importante forma de disseminação, possibilitando a infecção imediata da plântula a partir da germinação. Dessa forma, o tratamento das sementes com fungicidas específicos possibilitam realizar a erradicação dos patógenos associados às sementes, além de proteger as plântulas contra a infecção no pré-estabelecimento da lavoura.


O agente causal de oídio (Erysiphe diffusa) também pode infectar as plantas no início do desenvolvimento. Apesar de não permanecer nas sementes ou em restos culturais de uma safra para outra, a doença também pode ser controlada inicialmente através do TS. Nesse caso, são utilizados fungicidas sistêmicos com efeito residual prolongado.

Pensando em pragas que atacam no início do estabelecimento da lavoura, o TS pode auxiliar no controle e minimizar os danos causados pelas principais pragas: corós-das-pastagens (Diloboderus abderus) e coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga), pulgão-do-colmo (Rhopalosiphum padi), pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum), vaquinha (Diabrotica speciosa) e, eventualmente lagartas.


O TS com inseticidas tem sido utilizado como estratégia de prevenção ao ataque destas pragas, dificultando a ocorrência de pressões elevadas nos estágios iniciais da cultura do trigo. A ação dos inseticidas aplicados via semente acaba controlando pragas desde a semeadura ou emergência até o início do perfilhamento.


Quais princípios ativos utilizar e como melhorar a eficiência

Normalmente, os fungicidas mais utilizados para TS de trigo apresentam especificidade quanto aos gêneros ou famílias de fungos. Por conta disso, a análise sanitária das sementes é fundamental para identificar a incidência e quais patógenos estão presentes nas sementes, sendo o primeiro passo para a tomada de decisão dos princípios ativos que deverão ser utilizados.


Pensando na erradicação dos inóculos de manchas foliares nas sementes de trigo e na proteção das plântulas contra a infecção pelos patógenos presentes na área, recomenda-se a utilização de fungicidas do grupo das Dicarboximidas, como a Iprodiona. Para o controle de oídio, os fungicidas mais eficientes, no momento, são os triazóis (grupo dos inibidores da desmetilação de esteróis).


O fungicida Carbendazim (grupo Metil benzimidazol carbamato) era bastante indicado para o controle de F. graminearum através do tratamento de sementes. Com sua proibição de comercialização, em 2022, o manejo deste patógeno passou a depender ainda mais do manejo integrado de doenças, principalmente por meio da rotação de culturas com espécies não hospedeiras.


No controle preventivo de pragas geralmente é utilizado inseticidas sistêmicos do grupo químico dos Neonicotinóide. Importante ressaltar que a eficiência do tratamento dependerá principalmente da qualidade de cobertura da superfície das sementes. Diante disso, para erradicar totalmente os patógenos presentes nas sementes e possibilitar a proteção das estruturas vegetais do ataque de pragas iniciais é fundamental que se proporcione uma cobertura homogênea e completa com os fungicidas e/ou inseticidas, seguindo sempre as doses recomendadas.


Somente o TS é suficiente?

O manejo de pragas e doenças na cultura do trigo deve ser feito de forma integrada e sustentável. Nesse sentido, a eficiência do tratamento das sementes pode ser aumentada consideravelmente quando integrada com outros métodos de controle fitossanitários. Com isso, a escolha de cultivares mais adaptadas a região de cultivo, a eliminação de plantas hospedeiras, a semeadura na época recomendada e em condição que garanta uma rápida emergência, a realização de rotação de culturas e a escolha de cultivares resistentes, são importantes para favorecer o estabelecimento rápido e vigoroso da cultura, e reduzir a pressão de pragas e doenças no início do desenvolvimento da lavoura.


Texto escrito por Caetano Rocha e Maurício Piccoli Bonatti, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Referências:


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