A área cultivada com trigo (Triticum aestivum) tem aumentado na região Sul do país, se tornando uma alternativa viável na produção de grãos em muitas propriedades. Nos manejos de pré-semeadura do trigo, é necessário observar as indicações técnicas, que fornecem informações importantes sobre os cuidados e manejos de adubação na cultura. A adubação realizada de forma adequada é essencial para obter produtividades satisfatórias na safra. No mercado estão disponíveis diversas formas de fertilizantes agrícolas, especialmente os nitrogenados, que são comumente utilizados em gramíneas.
Nitrogênio
O manejo e a conservação do solo pré-plantio do trigo podem reduzir a necessidade de fertilizantes nitrogenados, proporcionando também um menor custo de produção. A utilização de adubos verdes é uma prática antiga, mas que vem ganhando espaço no Brasil. Ela consiste na utilização de plantas que proporcionem uma maior fixação do nitrogênio atmosférico —comumente utiliza-se leguminosas como ervilhaca (Vicia sativa). Trata-se de uma estratégia similar às plantas de coberturas, entretanto, a sua finalidade é proporcionar a liberação desse nitrogênio mais rapidamente ao solo, ficando disponível para a cultura em sucessão.
O nitrogênio (N) possui influência direta no rendimento de gramíneas, isso porque é um dos nutrientes mais exportado pelas plantas e atua em diversos processos metabólicos, tendo como principais a biossíntese de proteína e clorofila. No trigo, o nitrogênio é o nutriente mais demandado, sendo que o suprimento adequado da necessidade de fertilizantes nitrogenados é uma prática de manejo bastante segura em relação ao retorno econômico.
Doses com maior efetividade
As doses de nitrogênio utilizadas no pré-plantio do trigo podem variar de acordo com a cultura antecessora, em virtude da relação carbono/nitrogênio (C/N). Gramíneas que possuem alta relação C/N têm a taxa de decomposição mais lenta comparada a leguminosas. Por conta disso, a liberação de nitrogênio pela decomposição dos resíduos orgânicos influencia diretamente nas dosagens de fertilizantes para culturas sucessoras.
Mediante o que foi citado, estudos apontam que o trigo requer cerca de 60 kg a 120 kg de N/ha e deve ser aplicar entre 15 e 20 N/ha na semeadura e o restante em cobertura, entre os estádios de elongação e perfilhamento. De modo geral, a dose na adubação nitrogenada varia em função do teor de matéria orgânica, da cultura precedente, da região e da expectativa de rendimento (Antunes, 2017).
O manejo de N no trigo é realizado no momento da semeadura e também com aplicações parceladas do fertilizante nitrogenado durante o ciclo fenológico da cultura do trigo. Pesquisas demonstraram que a eficiência de uso do N oscila entre 12 e 21 quilos de grãos para cada quilo de N adicionado, no entanto, só será possível se as características físicas, químicas e biológicas do solo estiverem adequadas (Antunes, 2017).
Adubação e expectativa de produtividade
A adubação determina diversos componentes de rendimento da cultura, refletindo no aumento da produtividade. No que refere-se a quantidade de fertilizantes e corretivos a serem aplicados no solo, esse é um fator importante quando se pensa no custo com a cultura, visto que os fertilizantes têm maior participação nos custos de produção do trigo, representando, aproximadamente, 25% do investimento na lavoura.
Na adubação pré-plantio, é comum a aplicação de fertilizantes minerais fosfatados em forma granulada ou em pó, de acordo com a análise de solo da área. Também é necessário levar em consideração a extração de nutrientes pelas culturas e a adubação de manutenção. As análises químicas de solo para diagnóstico da fertilidade devem ser realizadas de preferência a cada dois anos.
Agricultura de precisão
Realizar a análise de solo e aprimorar a gestão de recursos disponíveis no sistema de produção agrícola, através de soluções tecnológicas, permite melhorar a sustentabilidade da produção de trigo. Podemos citar como ferramentas a utilização de plantas de cobertura como fontes de nitrogênio e a distribuição em taxa variável de fertilizantes e de sementes. Essas tecnologias dentro do sistema de produção permitem que a adubação seja plenamente realizada no pré-plantio, suprindo as demandas existentes e garantindo maiores expectativas de rendimento e produtividade no decorrer da safra.
Texto escrito por Aline Linhares do Amaral e Kelvin Soares Dalla Nora, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Gizelli Moiano de Paula.
Foto de capa: Pedro Bonini
Referências Bibliográficas:
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DE BONA, F, D. et al. Manejo Nutricional da Cultura do Trigo. IPNI INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE. Junho/2016.Disponível em:
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TEIXEIRA FILHO, M. C. M. et al. Doses, fontes e épocas de aplicação de nitrogênio em trigo irrigado em plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 45, n. 8, p. 797-804, 2010. Disponível em:
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DE SOUZA, C. H. L. Agricultura de precisão em trigo: variabilidade espacial e temporal da produção de biomassa e sua relação com a produtividade de grãos. Salão de Iniciação Científica. UFRGS, Porto Alegre, RS, 2011. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/48192
Acesso em: 26 de abril. 2023.