A pulverização de lavouras é um método que garante proteção às plantas contra ameaças, como fungos, bactérias, insetos e plantas daninhas, atuando também na reposição de nutrientes foliares e outras tecnologias hoje disponíveis no mercado. A pulverização e aplicação de agroquímicos é necessária para o aumento da produtividade agrícola, minimizando os impactos dos fatores que afetam o desenvolvimento das culturas de interesse econômico. Assim, para que a pulverização seja eficiente, as técnicas de aplicação são fundamentais para determinar a eficiência de manejo.
Desse modo, os produtos que serão utilizados em uma aplicação se apresentam em formas concentradas, sendo necessária sua diluição em água, formando uma calda. Dessa maneira, a preparação da calda exige cuidados especiais como: compatibilidade entre produtos, ordem de mistura, clima e qualidade da água. Sendo esse último item, a qualidade da água, intrinsecamente ligada à eficiência de controle, pois suas características químicas-físicas podem comprometer a eficiência dos agroquímicos.
Qualidade da água
Quando se pensa em eficiência de aplicação, a água é o principal meio que exercerá influência direta na aplicação. Isso porque, a água, em função das suas características, é utilizada como o principal solvente e meio de diluição de produtos químicos e/ou biológicos. Logo, o preparo da calda deve ser realizado com uma água livre de impurezas e matéria orgânica, que podem causar a obstrução de componentes vitais dos pulverizadores. Além disso, pode potencializar, através de ligações químicas, a inativação de herbicidas, já que as moléculas desses agroquímicos podem se ligar a outras substâncias presente na água.
O pH da água também deve ser analisado, pois fungicidas, inseticidas e herbicidas atuam melhor com pH levemente ácidos, variando de 4 a 6. Logo, as águas que são utilizadas em aplicações de defensivos, não devem possuir cátions e ânions dissolvidos (águas duras), que poderão estar reagindo com as moléculas dos agroquímicos e, assim, comprometendo sua eficiência, bem como não podem apresentar um pH alcalino. Em uma condição de água dura e de pH alcalino, para contornar esse problema e minimizar os impactos negativos, pode-se usar um quelante e um redutor de pH, sempre adicionados ao tanque de pulverização antes da colocação dos produtos e nunca depois.
A dureza da água é ocasionada pela presença de cátions como Ca 2+. Mg 2+, que pode ocasionar a complexação de parte das moléculas dos agroquímicos, como herbicidas, fungicidas e inseticidas. Assim, reduzindo sua concentração, disponíveis para serem absorvidos pelo alvo, além de reduzir o processo de velocidade de absorção. Desse modo, é importante a realização de uma análise da qualidade da água que vai ser utilizada para as aplicações.
Temperatura da água
A prática de diluição dos princípios ativos requer um cuidado especial no que se refere à qualidade da água, para que ela não interfira na eficiência do produto diluído. Tendo isso em vista, a água é conhecida como um ótimo solvente, porque, através de sua estrutura polar, permite a criação de pontes de hidrogênio, e assim pode dissolver os diversos tipos de moléculas.
Sendo assim, a temperatura ideal da água para a grande parte das aplicações é em torno de 15°C a 25°C. Temperaturas abaixo de 15°C podem dificultar a diluição da calda, podendo causar o entupimento de bicos do pulverizador, o que resultará numa aplicação desuniforme na lavoura. Isso pode ser contornado com uma pré-diluição em um balde comágua morna. Vale ressaltar que cada preparação de calda é única, e por isso é necessário sempre ter cuidado e realizar a preparação de maneira correta seguindo as recomendações técnicas constantes na bula do produto, para assim conseguir a sua máxima eficiência.
Influência na eficiência de aplicação
Para alcançarmos a máxima eficiência no manejo de qualquer tipo de agroquímico, precisamos evitar os fatores que mais interferem na aplicação como: clima, preparação da calda, volume de aplicação, qualidade e temperatura da água. Esses fatores também influenciam de forma direta na absorção do produto pelas plantas, podendo reduzir sua eficiência com necessidade até de reaplicação e custo maior ao produtor. A temperatura da água, um dos fatores citados anteriormente, pode comprometer a dissolução das moléculas químicas dos princípios ativos, reduzindo sua eficiência de controle do alvo desejado na lavoura. Vale lembrar, que todos esses fatores, com exceção do clima, são possíveis de serem controlados, maximizando a eficiência dos produtos aplicados.
Conclusão
Por isso, é necessário, no mínimo, fazer uma análise anual da qualidade da água que está sendo usada nas pulverizações, buscando maximizar o rendimento das culturas através do manejo mais eficiente de plantas daninhas, pragas e doenças. Desse modo, a água deve receber atenção redobrada, já que ela pode alterar a eficiência dos produtos químicos quando diluídos.
Além da boa qualidade, a atenção deve ser dada para a temperatura também, ficando em torno de 15°C a 25°C. Logo, com os manejos corretos e seguindo todas as indicações do produto, é possível maximizar os resultados da aplicação, além de evitar perdas de produtos e a ineficiência.
Texto escrito por Eduarda Seger e Thaysla Vezaro Wiedemann, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM campus de Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial (PET) Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
Imagem de capa: reprodução/internet
Referências bibliográficas
Tecnologia de Aplicação de Herbicidas | Plantio Direto e Tecnologia Agrícola. Disponível em:. Acesso em: 30 jun. 2023.
CUNHA, J. P. A. R.; ALVES, G. S.; REIS, E. F. Efeito da temperatura nas características físico-químicas de soluções aquosas com adjuvantes de uso agrícola. Planta Daninha, v. 28, n. 3, p. 665–672, 2010.
SILVA, K. S. DA. Controle abaixo do esperado? Pode ser a qualidade da água da calda. Disponível em: . Acesso em: 1 jul. 2023.