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Adubação nitrogenada em milho: momento e quantidades para melhores resultados

O nitrogênio é vital para o milho, pois desempenha um papel fundamental na promoção do crescimento saudável, na formação de proteínas essenciais e no aumento significativo da produtividade

Importância da adubação nitrogenada para a cultura do milho

A aplicação de nitrogênio (N) no milho é considerada uma prática importante para a cultura. O milho é altamente responsivo a esse elemento, e a disponibilidade adequada de nitrogênio é essencial para alcançar elevados rendimentos, tanto em termos de produção de biomassa quanto de produção final de grãos. Portanto, a adubação nitrogenada é uma das práticas agrícolas mais importantes para maximizar a produtividade do milho.


O N é um importante agente estrutural das plantas, constituinte da clorofila, proteínas e aminoácidos, além de ter participação na produção de hormônios. O elemento também exerce grande influência sobre o processo da fotossíntese e diversas outras características que o definem como um dos principais macronutrientes para as plantas.


Além disso, o nitrogênio desempenha um papel crucial no desenvolvimento e crescimento das plantas. Na cultura do milho, ele é o nutriente mais acumulado e exportado pelos grãos, sendo que, em média, de 17 kg/ha a 23 kg/ha de nitrogênio são removidos para cada tonelada de grãos colhidos (Coelho et al., 2011 apud Embrapa, 2021). Essa alta demanda e remoção de nitrogênio ressaltam ainda mais a sua importância indispensável na produção de milho.


Sintomas de deficiência de nitrogênio


Em caso de deficiência de N, a cultura pode vir a apresentar: redução do crescimento, menor qualidade e quantidade de carboidratos, proteínas e gorduras e, principalmente, torna-se mais suscetível ao ataque de pragas e doenças.


Alguns sintomas comuns visualizados a nível de campo são a clorose das folhas mais velhas (base da planta), em formato de “V”, seguido de necrose (como representado na figura 1) e redução do tamanho de espiga, o que consequentemente irá resultar em perdas de produtividade da cultura.


Formas de absorção de nitrogênio pelas plantas


O N é transportado até a raiz das plantas por fluxo de massa, onde o nutriente se movimenta no solo através do fluxo de água existente e é absorvido pelas plantas nas formas de amônio (NH4+) e nitrato (NO3-), formas essas de N que representam menos de 2% do nitrogênio total no solo.


Em outras palavras, isso indica que a maior parte do nitrogênio (N) presente no solo está na forma orgânica, o que significa que ele pode ser mineralizado gradualmente ao longo do ciclo de crescimento da cultura, devido à atividade microbiana. Como resultado, não está prontamente disponível para as plantas em sua totalidade, isso explica a importância de incorporação de N ao ambiente de produção.


Possíveis fontes de aporte de nitrogênio em nosso cultivo


O N em um sistema de produção pode vir através da fixação biológica e/ou ciclagem de nutrientes por meio de plantas de cobertura, mineralização da matéria orgânica, aplicação de adubos orgânicos como por exemplo dejetos suínos, aplicação mineral do sulfato de amônio (20% N e 22-24% S), nitrato de amônio (32% N), ureia (45% de N) dentre outros. Sendo a principal e mais utilizada a ureia (45% de N), porém, para esta o N é bastante suscetível a perdas, principalmente por volatilização da amônia (NH3) se aplicado e as condições de clima favoráveis a essa perda.


Principais cuidados que devem ser tomados durante a aplicação


É fundamental prestar atenção à umidade do solo e aos horários de aplicação da ureia para otimizar a utilização eficiente do nitrogênio (N). Nesse sentido, é aconselhável realizar a aplicação em solos com umidade adequada ou antes de uma chuva de intensidade moderada a baixa. É preferível realizar essa operação a partir da tarde, pois o pico da transformação da amônia ocorre aproximadamente 6 horas após a aplicação da ureia, coincidindo com o período noturno, quando não há radiação solar direta e as temperaturas são mais amenas. Esses fatores contribuem para minimizar as perdas por volatilização do N.


Por outro lado, é importante evitar a aplicação da ureia antes de chuvas de alta intensidade e durante períodos de forte incidência de raios solares. Em condições de solo com menor umidade e alta radiação, as perdas de amônia por volatilização podem ser significativas, chegando a ser superiores a 50% do N aplicado. Portanto, o momento e as condições de aplicação desempenham um papel crítico na eficácia da adubação com ureia.


Qual critério pode ser utilizado para definir as quantidades de nitrogênio para melhores resultados?


Para determinar as quantidades adequadas de nitrogênio a serem aplicadas, é fundamental realizar uma análise do solo na área destinada ao cultivo. Conforme orientações do Manual de Adubação e Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (2016), a quantidade de nitrogênio a ser aplicada na cultura é determinada com base em diversos fatores, incluindo o teor de matéria orgânica do solo, que é obtido por meio da análise do solo, bem como considerando a cultura anteriormente cultivada e as expectativas de rendimento. Normalmente, a dose de nitrogênio é dividida entre uma parcela aplicada na base, próximo à linha de semeadura, e o restante aplicado em cobertura ao longo do ciclo da cultura. Esse processo visa garantir uma nutrição adequada do milho ao longo de seu desenvolvimento.


Ainda de acordo com o Manual, no sistema plantio direto, sugere-se aplicar na base, junto a linha de semeadura, de 20 kg a 40 kg de N ha-1, quando o cultivo for em área com resíduos de gramíneas e entre 10 kg e 20 kg de N ha-1 quando o cultivo for em área com resíduos de leguminosas.


Melhores momentos para aplicação de nitrogênio em cobertura na cultura do milho


Para a aplicação de N em cobertura, sugere-se que esta seja realizada em dois momentos para possibilitar um melhor sincronismos entre o N disponível no solo e a demanda das plantas, sendo indicado que seja aplicado 50% da dose em cobertura entre os estádios vegetativos V4 a V6 e os outros 50% durante os estádios V8 e V9. Pode-se também realizar a aplicação de uma única vez entre os estágios V4 a V6, sendo o número de aplicações principalmente definido pela dinâmica de maquinários e pessoas dentro da propriedade.


O aumento na disponibilidade desse nutriente no solo nos estádios V4 a V6 se deve ao fato da cultura nesse estádio definir o seu potencial produtivo. Já durante os estádios V8 e V9 a cultura define o número de fileiras por espiga e o tamanho de espiga. Aplicações realizadas fora da época recomendada podem potencializar a produção de biomassa, mas não a produtividade final de grãos de maneira economicamente viável.


Suplementação foliar de nitrogênio tem resultado na cultura do milho?


A suplementação de nitrogênio (N) via foliar na cultura do milho, como um complemento à aplicação de N em cobertura, pode ser uma estratégia para abordar possíveis deficiências desse elemento durante a fase de enchimento de grãos, como destacado por Pacentchuk et al. (2014). Entretanto, em estudos conduzidos na Fazenda Santa Cruz, localizada no município de Guarapuava, no estado do Paraná, os mesmos autores observaram que a aplicação de N suplementar via foliar se apresenta como uma alternativa viável para aumentar a produtividade final de grãos nas culturas de soja, milho e feijão.


Embora não tenham observado uma resposta significativa na produtividade do milho em relação à aplicação de fertilizante foliar nitrogenado, notaram que essa resposta foi de natureza quadrática, ou seja, não linear, com o aumento da dose do fertilizante foliar nitrogenado. A resposta foi mais pronunciada, alcançando um aumento de 5%, quando a aplicação ocorreu na fase V13 da planta, e de 1% nas aplicações realizadas no pré-pendoamento e florescimento. Isso sugere que a eficácia da suplementação de N via foliar pode variar dependendo do estágio de desenvolvimento da cultura e da dose aplicada, destacando a importância de considerar cuidadosamente esses fatores na tomada de decisões sobre a fertilização foliar em milho.


No campo, a suplementação foliar de nitrogênio à adubação de cobertura na cultura do milho não é uma prática comum. No entanto, se essa abordagem for adotada, é crucial monitorar de perto a concentração utilizada, a fim de evitar potenciais problemas relacionados à fitotoxidade.


Por: Alfredo Henrique Suptiz e Caetano Rocha, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial (PET) Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Imagem da capa: reprodução/internet

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


EMBRAPA. Parâmetros Morfológicos e Produtivos da Cultura do Milho Inoculado com Bactérias Promotoras de Crescimento Vegetal em Teresina, PI. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/226246/1/ParametrosMorfologicosProdutivosMilhoInoculadoBP131.2021.pdf. Acesso em: 05 de ago. 2023


MANUAL.Adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 11 ed. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Núcleo Regional Sul, Comissão de Química e Fertilidade do Solo, 2006. 125 a 127 p.


PACENTCHUK et al. Nitrogênio complementar via foliar nas culturas do milho, soja e feijão: doses e estádios fenológicos de aplicação. Revista Plantio Direto, 2014, ed. 142/143. Disponível em: https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/142-143/5.pdf. Acesso em: 07 de ago. 2023.

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