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Inoculação das sementes de soja: por que utilizar e quais são os cuidados necessários na aplicação?

A inoculação auxilia o estabelecimento da população de Bradyrhizobium spp. no solo, possibilitando a formação imediata de nódulos e o estabelecimento do processo de fixação biológica do nitrogênio

Como toda a leguminosa, a cultura da soja consegue aproveitar o nitrogênio atmosférico através do processo conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN). A FBN traz benefícios notáveis para o setor da soja no Brasil ao eliminar a necessidade de fertilizantes nitrogenados na cultura, reduzindo os custos de produção e, consequentemente, ampliando a competitividade no mercado global.


Nesse sentido, a inoculação de sementes com bactérias simbióticas é uma prática indispensável para garantir que a FBN aconteça de forma eficiente e forneça esse nutriente durante todo o desenvolvimento da cultura da soja.


O que é a inoculação da soja e por que realizar


A inoculação da soja é um processo que consiste na adição de microrganismos benéficos ao cultivo nas próprias sementes, ou no sulco de semeadura, sendo as bactérias do gênero Bradyrhizobium os principais microrganismos utilizados na formulação de inoculantes. Essas bactérias estabelecem uma relação simbiótica com o sistema radicular da soja, fornecendo todo o nitrogênio que as plantas necessitam ao longo do ciclo de produção.


De forma geral, a inoculação auxilia o estabelecimento da população de Bradyrhizobium spp. no solo, possibilitando a formação imediata de nódulos e o estabelecimento do processo de fixação biológica do nitrogênio, evitando a deficiência inicial do nutriente e ao longo do desenvolvimento da soja.


Quando realizar a inoculação de sementes


Na cultura da soja, é aconselhável realizar a inoculação das sementes anualmente com Bradyrhizobium spp., mesmo que a soja já tenha sido cultivada com inoculação em anos anteriores. Esse procedimento, conhecido como reinoculação ou inoculação anual, é considerado uma prática de manejo simples, com baixo custo, e que pode resultar em um aumento de aproximadamente 8% na produção de grãos de soja. A sobrevivência dessas bactérias no solo pode ser limitada por fatores ambientais e nutricionais, portanto, a prática da inoculação anual garante uma formação mais rápida de nódulos no sistema radicular e um início mais eficaz do processo de fixação biológica de nitrogênio.


Em lavouras anteriormente não cultivadas com soja ou onde tenha se passado um longo período desde a última semeadura dessa cultura, a inoculação das sementes assume uma importância ainda maior. Nesses casos, a quantidade de bactérias capazes de fixar nitrogênio tende a ser bastante reduzida no solo, portanto, o cultivo sem inoculação pode resultar na deficiência desse nutriente essencial para o desenvolvimento da soja.


Cuidados importantes


A inoculação de sementes de soja requer atenção a alguns aspectos essenciais. É fundamental realizar o processo à sombra, garantindo que as sementes inoculadas estejam protegidas contra a exposição direta ao sol e ao calor excessivo antes e durante a semeadura. Além disso, é importante proceder com a semeadura da cultura imediatamente após a inoculação, especialmente se as sementes foram tratadas com fungicidas e micronutrientes (HUNGRIA; CAMPO, 2021).


Outro fator importante é o cuidado com a utilização de fungicidas e micronutrientes no tratamento de sementes, em conjunto com o inoculante. Esses produtos podem ter incompatibilidade com o inoculante e prejudicar seu efeito, reduzindo a nodulação e a FBN. Portanto, é altamente recomendável optar por princípios ativos menos agressivos ao Bradyrhizobium spp. Além disso, a aplicação tanto de fungicidas quanto de micronutrientes nas sementes deve ser realizada primeiro e, somente após uma secagem completa do produto, é que a inoculação deve ser realizada.


Além disso, é fundamental ressaltar a importância de um ambiente de produção que forneça as condições favoráveis de temperatura e umidade, e com acidez do solo corrigido, para potencializar a eficácia do inoculante e do processo de fixação biológica de nitrogênio.



Por Gabriela Martins e Sônia Rafaela da Costa Bueno, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Gizelli Moiano de Paula.



Referências:

HUNGRIA, Mariangela; CAMPO, Rubens José; MENDES, I. de C. Fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja. 2001. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/459673>. Acesso em: 28 de agosto de 2023.


HUNGRIA, Mariangela; CAMPO, Rubens José; Cuidados na inoculação. 2021. Disponível em: <https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/producao/inoculacao-e-inoculante/cuidados-na-inoculacao>.Acesso em: 26 de agosto de 2023.


MARTIN, T. N. et al. Indicações técnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, safras 2022/2023 e 2023/2024. Santa Maria: Editora GR, 2022. 136 p. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1152019/indicacoes-tecnicas-para-a-cultura-da-soja-no-rio-grande-do-sul-e-em-santa-catarina-safras-20222023-e-20232024. Acesso em: 26 de agosto de 2023.


OLIVEIRA, A. B. et al. Soja: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF: Embrapa, 2019. 274 p. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1118408/soja-o-produtor-pergunta-a-embrapa-responde. Acesso em: 26 de agosto de 2023. 


Imagem capa: reprodução/internet

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