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Soja: escalonamento de semeadura como estratégia para minimizar riscos

No Rio Grande do Sul, o escalonamento tornou-se uma estratégia importante para minimizar riscos climáticos, devido aos períodos de estiagem frequentes nas últimas safras no cultivo da soja

O Brasil se destaca como o maior produtor mundial de soja, uma oleaginosa de extrema relevância comercial. Devido aos seus altos teores de proteína e óleo, essa cultura desempenha um papel importante para a economia brasileira. Seu uso abrange desde a produção de óleo vegetal, alimentação animal e humana, até a fabricação de biodiesel. Em virtude desses fatores, é justificado os investimentos em tecnologias que visem ampliar a produção e mitigar os riscos inerentes a essa cultura.


A estiagem tem sido apontada como um dos principais eventos climáticos que tem impactado negativamente na produtividade final de grãos da soja como observado nas últimas três safras, na região Sul. Na cultura da soja, dois são os períodos mais críticos com relação à disponibilidade de água. O primeiro período crítico ocorre entre a semeadura e a emergência da cultura, podendo resultar na redução da germinação e do estande da lavoura. Já o segundo período, e talvez o mais crítico com relação a falta de água, ocorre durante a floração e o enchimento de grãos, podendo impactar fortemente na produtividade final de grãos de soja.


Por que realizar o escalonamento de semeadura?


O escalonamento de semeadura, com a semeadura em diferentes épocas, é uma estratégia essencial para mitigar prejuízos durante períodos críticos e maximizar o potencial de rendimento da cultura. Essa abordagem implica na semeadura da soja em diferentes períodos dentro do zoneamento recomendado para cada região, ao invés de ser realizada de uma única vez em todo o campo.


Em geral, quando ocorre um déficit hídrico durante o estágio vegetativo da soja, mas é seguido por um fornecimento adequado de água durante o período reprodutivo, ocorre uma recuperação das plantas, minimizando o impacto na produtividade. No entanto, quando o déficit hídrico acontece durante o período reprodutivo, são observadas reduções mais drásticas na produtividade final de grãos.


Desse modo, o escalonamento na semeadura ajuda a evitar a coincidência de possíveis déficits hídricos com momentos cruciais para o desenvolvimento da soja, ao mesmo tempo que reduz os riscos relacionados à danos causados por pragas e doenças, além de otimizar a utilização dos recursos disponíveis. O escalonamento na semeadura também otimiza a questão operacional na unidade de produção, sem atropelos nas diferentes etapas que envolve semeadura, manejos fitossanitários e, no final, a colheita.


Utilizar cultivares com grupos de maturação diferentes


Outra estratégia disponível aos produtores é o uso de cultivares com diferentes grupos de maturação. A evolução no melhoramento genético resultou em cultivares mais adaptadas para cada microrregião, bem como aquelas mais adequadas para diferentes épocas de semeadura, proporcionando maior flexibilidade e otimização na escolha das cultivares.


A utilização de cultivares com diferentes grupos de maturação na cultura da soja, proporciona aos produtores a capacidade de estender o período de colheita. A utilização de cultivares com diferentes grupos de maturação, é mais uma estratégia para mitigar os impactos de condições climáticas adversas, como chuvas intensas ou secas prolongadas, que podem afetar negativamente a cultura. Através da semeadura de variedades de maturação precoce, média e tardia, os produtores conseguem minimizar o risco de perdas decorrentes de eventos climáticos imprevisíveis, ao mesmo tempo em que diversificam a sua produção.


Por fim, uma abordagem híbrida permite aos produtores adaptar suas práticas de cultivo com base nas condições específicas de cada safra e nas características do ambiente local. Por exemplo, em anos com previsão de padrões climáticos desafiadores, é possível optar por um escalonamento maior na semeadura. Em outros momentos, quando as condições climáticas são mais favoráveis, pode-se dar preferência ao uso de cultivares de grupos de maturação diferentes.


Essa combinação de estratégias oferece uma maior capacidade de resposta às variações do ambiente e contribui para uma gestão mais eficiente dos recursos, otimizando o uso da terra, da mão de obra e dos insumos agrícolas. Além disso, proporciona uma maior segurança contra perdas significativas, ajudando os produtores a enfrentar com mais confiança os desafios que a agricultura pode apresentar.


Logo, a adoção de uma abordagem híbrida que integra o escalonamento de semeadura e o uso de cultivares com grupos de maturação diferentes é muitas vezes a estratégia mais eficaz para os agricultores na produção de soja. Isso oferece flexibilidade, adaptabilidade e gerenciamento de riscos em um setor agrícola em constante evolução. Além de tudo o que foi colocado, vale lembrar da importância de se construir um ambiente de produção que proporcione ao solo uma maior capacidade de infiltração e armazenamento de água.



Por Lucas de Mattos e Maurício Piccoli Bonatti, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, Campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial (PET) Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.

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