Já imaginou enfrentar uma doença, estando debilitado e sofrendo com deficiências nutricionais? Em uma situação como essa, os microorganismos têm mais chances de causar um impacto significativo em nossa saúde. O mesmo acontece com as plantas, que constantemente sofrem ataques de fungos, bactérias e vírus. Quando desiquilibradas nutricionalmente, as plantas não conseguem combater efetivamente a entrada desses patógenos, resultando em danos consideráveis. Para as culturas de grãos, isso pode se traduzir em perdas na produtividade final.
Além da adubação do solo, a aplicação foliar de nutrientes pode impulsionar a sanidade das plantas, fortalecendo suas defesas contra patógenos e melhorando sua capacidade de resistir a doenças. Neste artigo, exploraremos os benefícios dessa técnica e destacaremos os nutrientes essenciais para a suplementação nutricional via foliar.
Um dos métodos promissores para aumentar a sanidade das plantas é a indução de resistência, utilizando a nutrição mineral. Ela envolve a ativação de mecanismos de defesa naturais, que tornam as plantas mais resistentes a patógenos. Essa resistência é alcançada através de modificações na anatomia das plantas, como o desenvolvimento de células da epiderme mais grossas, lignificadas ou silicadas, que agem como barreiras física que inibem a entrada de patógenos.
Além disso, a indução de resistência também atua na fisiologia e bioquímica da planta, estimulando a produção de substâncias tóxicas ou criando condições desfavoráveis ao crescimento dos patógenos. Um exemplo deste tipo de substâncias são as fitoalexinas, que são compostos secundários produzidos pela planta em resposta a infecção por microorganismos ou estresses (físicos ou químicos).
A nutrição de plantas é um fator que facilmente pode ser manipulado e, se corretamente empregado, pode servir como complemento no manejo de doenças. No entanto, é necessário um conhecimento mais aprofundado sobre quais os nutrientes podem ser utilizados e em quais cenários conseguiremos maiores respostas.
Começando pelos macronutrientes, que são os nutrientes essenciais que as plantas necessitam em grandes quantidades: eles são fornecidos normalmente para a planta via solo, entretanto, podemos também utilizá-los na suplementação foliar:
•Nitrogênio: desempenha um papel fundamental no crescimento vegetativo das plantas, estimulando a produção de folhas novas e saudáveis, através da produção de clorofila, aumento da eficiência da fotossíntese e produção de aminoácidos, proteínas, hormônios e fitoalexinas. Entretanto, merece um destaque o efeito que pode acontecer quando existe excesso de nitrogênio na folha. Essa situação pode favorecer o ataque dos patógenos, uma vez que os tecidos podem ficar mais tenros, facilitando o processo de infecção.
•Fósforo: desempenha um papel fundamental na produção de energia (ATP), e na síntese de compostos vitais para o crescimento das plantas, como as proteínas, vitaminas e polifenóis.
•Potássio: atua na regulação do balanço hídrico da planta, na ativação de enzimas e transporte de outros nutrientes. O potássio é descrito na literatura como o nutriente que mais influência na severidade de doenças, pois ele pode atuar no aumento da espessura da parede celular, proporcionar maior rigidez nos tecidos e na rápida recuperação após as injúrias.
•Cálcio: atua no fortalecimento da parede celular das plantas, auxiliando na barreira física contra a entrada dos patógenos.
Já os micronutrientes são exigidos em menores quantidades pela planta e desempenham papel essencial na fisiologia e crescimento. Alguns micronutrientes como zinco, manganês, ferro e cobre atuam na ativação de enzimas e no fortalecimento da planta:
•Zinco: está envolvido na produção de hormônios e de enzimas, além de influenciar na fertilidade dos grãos de pólen.
•Manganês: ativa enzimas envolvidas na defesa contra patógenos e no metabolismo da fotossíntese.
•Ferro: atua na síntese de fitoalexinas, é constituinte de proteínas e atua também na divisão celular.
•Cobre: atua na ativação de algumas enzimas, na formação da parede celular, na síntese de DNA e RNA e no metabolismo de proteínas e compostos fenólicos. Além de agir na produção de compostos que induzem a resistência a patógenos, como por exemplo a lignina.
Outro nutriente considerado benéfico, que desempenha um papel fundamental na indução de resistência a doenças, é o Silício. Ele exerce múltiplas funções, incluindo a formação de uma barreira física abaixo da cutícula das folhas. Essa camada de silício aumenta a rigidez dos tecidos e fortalece as células, tornando-as menos suscetíveis ao ataque dos patógenos.
É fundamental ressaltar a sinergia existente entre os nutrientes. Uma planta saudável precisa estar adequadamente nutrida, evitando tanto a carência, quanto o excesso de nutrientes. Uma vez que este critério é atendido, é possível empregar alguns dos nutrientes mencionados anteriormente para potencializar os efeitos de controle.
A utilização da suplementação nutricional foliar nas culturas de grãos abre novas oportunidades para assegurar a sanidade das plantas e incrementar as produtividades. Através da aplicação correta de nutrientes via foliar, as plantas podem se desenvolver melhor e resistir a estresses e doenças. No entanto, é crucial contar com o auxílio de um profissional especialista para garantir a eficácia dessa estratégia.
Em resumo, a suplementação nutricional via foliar é uma abordagem promissora para aumentar a sanidade das plantas e prevenir doenças. Ao fornecer os nutrientes essenciais através das folhas, as plantas são fortalecidas, adquirindo maior resistência aos patógenos e melhorando seu desempenho geral. A integração da nutrição foliar com outras práticas de manejo agrícola pode trazer benefícios significativos, como a redução de impactos ambientais e custos. Portanto, considere essa estratégia como parte de um programa abrangente de manejo de culturas para obter resultados mais saudáveis e produtivos.