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Conheça as três principais doenças da soja: características e estratégias de manejo

Por ano, o produtor pode chegar a perder de 15% a 20% de sua safra devido à ocorrência de doenças nas plantas

A soja é uma das culturas mais economicamente importantes para Brasil, todavia, anualmente o produtor pode chegar a perder de 15% a 20% de sua safra devido à ocorrência de doenças nas plantas. No Brasil, existem em torno de 40 doenças na cultura da soja, dentre elas, a ferrugem-asiática, mancha-alvo e oídio são as mais comuns. 



Ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) 


A ferrugem-asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, em Roraima. Entretanto, por sua fácil disseminação pelo vento, logo espalhou-se pelas principais regiões produtoras e atualmente é considerada a doença mais severa da cultura, podendo causar até 90% de perdas na produtividade.


  • Principais características da doença


A confirmação da ferrugem na sua fase inicial é de difícil identificação, geralmente a maior predisposição é no fechamento do dossel da lavoura. Os sintomas são saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas na face abaxial das folhas do terço inferior da planta. Os sintomas podem ser visualizados facilmente ao posicionar a folha contra o sol ou fundo claro, desse modo, será possível observar as urédias, estruturas de reprodução do fungo. 


O fungo causador da ferrugem (Phakopsora pachyrhizi) sobrevive apenas em soja verde ou outra hospedeira viva. A infecção depende da disponibilidade de água livre sobre a folha, necessitando de pelo menos seis horas de molhamento foliar com temperaturas entre 15°C e 25°C.


Fonte: Alex Maquiel Klein (2021)


  • Estratégias de manejo e controle da doença

 

Dentre os principais manejos para prevenir o aparecimento da doença na lavoura, estão: rotação de cultura e eliminação de plantas voluntárias na entressafra, por meio do vazio sanitário, a fim de reduzir o inóculo do fungo. Em 2023, o vazio sanitário no Rio Grande do Sul (RS) iniciou no dia 5 de julho e se estendeu até o dia 30 de setembro. 


A utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada, têm apresentado sintomas somente da fase de enchimento de grãos (quando apresentam), enquanto, nas semeaduras subsequentes, a disseminação dos esporos do fungo das primeiras áreas para as tardias é maior, antecipando a ocorrência da ferrugem na planta, demandando maior uso de fungicidas. No Rio Grande do Sul, para a safra 23/24, foram definidos três prazos de plantio, seguindo a divisão estabelecida pelo Ministério da Agricultura (Mapa).


O controle químico é uma estratégia essencial que atua a nível preventivo e no início do estabelecimento da doença. Nesse caso, o recomendado é utilizar misturas comerciais de fungicidas sítio-específicos com diferentes mecanismos de ação. Inibidores da desmetilação (IDM, “triazóis”), inibidores de quinona externa (IQe, “estrobilurinas”) e inibidores da enzima succinato desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”) destacam-se entre os principais sítio-específicos usados no controle da ferrugem-asiática. Entretanto, para o sucesso no manejo da ferrugem-asiática da soja, é necessária a integração das diversas práticas, ajustadas conforme a lavoura e o zoneamento climático da região do produtor.



Mancha-alvo (Corynespora cassiicola)


No Brasil, os primeiros registros da Mancha-alvo foram no Mato Grosso, em 1974, e no Paraná, em 1976. Atualmente a doença é encontrada em todas as regiões produtoras de soja do país e tem ganhado destaque nas safras atuais, podendo afetar a cultura em até 40%, segundo pesquisas da Embrapa.


  • Principais características da doença


A mancha-alvo na cultura da soja é causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Esse ocasiona sintomas típicos que podem ser observados nas folhas, iniciam com pontuações pardas, halo amarelado e evolui para manchas circulares com a coloração castanho-clara a castanho-escura. Além das folhas, pode haver sintomas no pecíolo, nas hastes e vagens da planta.


A infecção da doença é propiciada pela alta umidade relativa do ar, e essa condição de ambiente, juntamente com cultivares suscetíveis, pode ocasionar uma rápida evolução da doença e desfolha prematura na planta. Sua incidência vem aumentando devido à utilização de cultivares vulneráveis ao fungo, do mesmo modo o uso de culturas de sucessão que são hospedeiras dele, como por exemplo a crotalária e o algodão, e também a maior resistência do fungo aos fungicidas.


Fonte: Agrolink (2021)


  • Estratégias de manejo e controle da doença

 

Existem algumas estratégias de manejo a serem recomendadas para o controle, dentre elas estão: o uso de cultivares resistentes ou tolerantes, o tratamento de sementes associado ao uso de sementes livres de patógenos, rotação e sucessão de culturas como o milho ou outras espécies de gramíneas. Também é recomendado o tratamento químico com fungicidas adequados para o controle da doença.



Oídio (Microsphaera diffusa)


O Oídio é uma das doenças mais antigas encontradas na cultura da soja, visto que seu primeiro registro ocorreu na Alemanha, em 1921. Na atualidade existem várias espécies dessa doença que acomete as plantas, causando prejuízo econômico na plantação. De acordo com a Embrapa Soja, o fungo pode acarretar danos de até 33% na cultura.


  • Principais características da doença


A doença se desenvolve principalmente na parte aérea da planta, formando uma fina camada esbranquiçada, e, em condições de infecção severa, acaba atrapalhando a fotossíntese e provocando ressecamento e abscisão prematura das folhas.


A infecção pode ocorrer em qualquer estágio de desenvolvimento da planta, sendo mais comum no início da floração até a formação completa das sementes. Condições de ambiente como média/alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas favorecem a evolução do fungo nas culturas.


Fonte:Canal Rural (2020)


  • Estratégias de manejo e controle da doença

Para o controle de Oídio, é indicado a utilização de cultivares tolerantes/resistentes, para que ele não se desenvolva ou encontre dificuldades para crescer. O controle químico também é recomendado, utilizando fungicidas foliares indicados para a doença.


Contudo, pode-se afirmar que a cada safra é diferente da anterior. Por isso, cabe ao produtor, juntamente com a assistência técnica, monitorar a lavoura e tomar as decisões corretas para cada situação. Lembrando sempre que, para um bom controle das doenças, é necessário realizar um manejo integrado entre várias práticas culturais.




Texto escrito por Bruna Fernanda Krenchinski e Isadora Bauchspiess Figueiró, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Dra. Gizelli Moiano de Paula.


Referências


Imagem de capa: Embrapa Soja

BASSAY, E. et al. Fungicidas e mistura de fungicidas no controle do oídio da soja. Fitopatologia Brasileira, v. 27, n. 2, p. 216–218, 1 abr. 2002.

CLÁUDIA, V. et al. Circular Técnica Embrapa. [s.l: s.n.]. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2023.

‌DOMINGUES, M. et al. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VET EFICÁCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MANCHA ALVO NA SOJA. [s.l: s.n.]. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2023.

Embrapa Soja. Ferrugem-asiática da soja | Manejo e prevenção. Disponível em https://www.embrapa.br/soja/ferrugem. Acesso em 04 de outubro de 2023.


IGARASHI, S. et al. DANOS CAUSADOS PELA INFECÇÃO DE OÍDIO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA SOJA. Arquivos do Instituto Biológico, v. 77, n. 2, p. 245–250, jun. 2010.

KLEIN, A. M. Ferrugem-asiática da soja e as estratégias para enfrentá-la. 2021. Disponível em: https://www.ufsm.br/pet/agronomia/2021/09/02/ferrugem-asiatica-da-soja-e-as-estrategias-para-enfrenta-la. Acesso em 04 de outubro de 2023.

‌Oídio - Portal Embrapa. Disponível em: . Acesso em: 6 out. 2023.

SOARES, R. M.; GODOY, C. V.; OLIVEIRA, M. C. N. DE. Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha alvo da soja. Tropical Plant Pathology, v. 34, n. 5, p. 333–338, out. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tpp/a/ZMwg39dYKTvktLHLpZ8pgdt/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 05 de Outubro de 2023


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