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Principais pragas da cultura do milho: características e manejos

Entender as características, ciclos e peculiaridades das principais pragas do milho, principalmente as de final de ciclo, é de suma importância para controle e manejo desses insetos nas lavouras, visto a importância do manejo de pragas no desenvolvimento de plantas sadias e na garantia de altas produtividades na cultura do milho

Após recordes nas últimas safras, estima-se que no ano de 2024 o Brasil deve colher em torno de 116,9 milhões de toneladas de milho, segundo o IBGE. Para alcançar uma boa produtividade, é preciso ficar atento a alguns manejos, pois a cultura pode sofrer ataques de pragas desde a semeadura até a colheita. Sendo assim, a produção pode ser comprometida se não forem realizados o manejo e o acompanhamento adequado ao longo de todo o desenvolvimento da cultura.


As pragas podem danificar tanto a parte aérea quanto o sistema radicular das plantas, sendo que as com maior incidência no final do ciclo do milho são as lagartas Spodoptera frugiperda e Helicoverpa zea, e o pulgão Rhopalosiphum maidis.


  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Uma das pragas mais importantes e com potencial de dano na cultura do milho é a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Ela pode apresentar características morfológicas como coloração parda, esverdeada ou preta, sendo sua característica principal a presença de um “Y” invertido na cabeça, que caracteriza os seus monitoramentos a campo (Figura 1).


Figura 1.Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Fonte: BASF


Em sua fase inicial, ataca as plântulas de milho e se alimenta delas, reduzindo a população de plantas. As lagartas se alimentam das folhas através da raspagem e, posteriormente, a partir do segundo ou terceiro instar fazem buracos nas folhas em direção ao cartucho da planta. Antes da planta emitir o pendão, essa lagarta também pode se alimentar dos grãos da espiga, causando até perda total da produção da planta atacada. Além disso, pode causar danos indiretos na espiga, como, por exemplo, favorecer a incidência de fungos e bactérias.

 

Para evitar essa praga na lavoura, pode ser aderida a aplicação de inseticidas antes da semeadura do milho, junto com a dessecação, além de investir em híbridos resistentes e realizar tratamento das sementes que controlem essa praga. Para o controle da lagarta-do-cartucho, podem ser utilizados os inseticidas carbamatos, inibidores da síntese de quitina, espinosinas, organofosforados e piretróides. Além desses, há a possibilidade de realizar o controle através de inseticidas biológicos à base de baculovírus da bactéria Bacillus thuringiensis, e do parasitóide Trichogramma.

 

Não realizado o manejo e controle adequado, a produção pode ser reduzida em 50% em áreas com alta população dessa lagarta.



  • Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)

Segundo dados da Embrapa (2008), afirma-se que a importância da praga para a cultura de milho pode ser verificada com incidência média relatada de até 96,8% de infestação, visto que as infestações por H. zea são frequentes e causam danos expressivos,


Com o ataque da lagarta-da-espiga (Figura 3), além do seu dano direto consumindo os grãos em formação, os danos indiretos também são significativos e resultam na falta de formação de segundas espigas, ausência de fertilização de grande parte dos óvulos das espigas tardias, bem como a falha da fecundação de grãos na extremidade das espigas.

 

A morfologia desta praga é caracterizada por adultos que são uma mariposa com as asas anteriores de coloração amarelo-parda, e uma faixa transversal mais escura, apresentando também manchas escuras dispersas sobre as asas. Durante períodos de temperatura mais elevada e dias mais longos, em três a quatro dias, ocorre a eclosão das lagartas, que começam a alimentar-se imediatamente. Na medida que se desenvolvem, penetram no interior da espiga e iniciam a destruição dos grãos em formação.

 

Assim como na lagarta-do-cartucho, é importante a utilização de cultivares resistentes, devido ao difícil acesso do inseticida químico no interior da espiga para controlar a praga. Dentre as recomendações, uma das alternativas é a aplicação de isca tóxica para que as mariposas sejam mortas antes de realizarem as posturas dos ovos.


 
Figura 3: Lagarta da espiga (Fonte: Agrolink)



  • Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis)

O pulgão-do-milho (Figura 4) é um um inseto sugador de seiva, que se alimenta pela introdução de seu aparelho bucal nas folhas novas das plantas. O adulto apresenta coloração verde-azulada. De maneira geral, é considerada uma praga secundária em milho destinada a grãos, mas atinge importância fundamental para campos de produção de sementes, onde os níveis de controle são mais severos. Períodos secos podem favorecer aumentos na população da praga e, consequentemente, o dano à planta hospedeira. Em milho, A Embrapa (2008) verificou que a vida do adulto foi de 20 dias, considerando 24°C de temperatura.


O manejo dessa praga, mesmo com pulverização aérea, é insatisfatório em virtude da ocorrência desse inseto ser no final do estágio vegetativo e início do estágio reprodutivo, ou seja, a lavoura já apresenta as entrelinhas fechadas. Entretanto, inseticidas de ação sistêmica podem ser empregados para controlar o pulgão, pelo fato de ocorrer a translocação do inseticida pela planta.



Figura 4: Pulgões no milho Fonte: Divulgação - FMC




Diante dos danos causados por essas pragas, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma estratégia eficiente, pois visa o monitoramento frequente dos insetos, controle natural e avalia o nível de tolerância das plantas à infestação. Esses fatores contribuem para uma tomada de decisão mais assertiva, avaliando o quê, quanto e quando aplicar. Desse modo, essas estratégias de controle são fundamentais para proteger o potencial de produtividade do milho em casos de presença dessas pragas.



Texto escrito por Gabriela de Azevedo Martins e Lidiane Bilibio Bonfada, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Dra. Gizelli Moiano de Paula.


Referências

CRUZ, J.C.; KARAM, D.; MONTEIRO, M.A.R.; MAGALHÃES, P.C.; A cultura do milho. 1 Ed. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2008. 517p.


CANAL RURAL. Milho: produção será de 116,9 milhões de t em 2024, projeta IBGE. 2024. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/agricultura/milho-producao-sera-de-1169-milhoes-de-t-em-2024-projeta-ibge>. Acesso em: 01 abr. 2024.


FILHO, João América Wordell; et al. Pragas e doenças do milho: diagnose, danos e estratégias de manejo. Florianópolis: Epagri, 2016. Disponível em: <https://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/agroconnect/boletins/BT_PragasDoencasMilho.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2024.


INSTITUTO AGRONÔMICO. 3 décadas de inovações na cultura do milho safrinha: avanços e desafios. 2021. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/230664/1/2021-cpamt-rmp-biologia-hospedeiros-manejo-pulgao-milho.pdf. Acesso em: 02 abr. 2024.

SEMENTES BIOMATRIX. Manejo Integrado de Pragas: esclareça suas dúvidas e conheça os benefícios. Disponível em: <https://sementesbiomatrix.com.br/blog/fitossanitario/manejo-de-pragas/manejo-integrado-de-pragas/>. Acesso em: 01 abr. 2024.


VALICENTE, Fernando Hercos. Manejo Integrado de Pragas na Cultura do Milho. Minas Gerais: Sete Lagoas, 2015. Disponível em:<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125260/1/circ-208.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2024.




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