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Como maximizar a eficiência da adubação nitrogenada no trigo

Considerado um macronutriente primário, o nitrogênio desempenha diversas funções cruciais nas plantas de trigo, além de ser um dos mais exigidos por elas

O trigo é uma cultura que desempenha papel fundamental na alimentação humana a nível mundial, com uma estimativa de aumento de 0,8% no seu consumo mundial nos anos de 2023/2024 (Conab, 2023). O Brasil atualmente ocupa a 14ª posição no ranking mundial, com produção estimada em 10 milhões de toneladas na safra 2023/2024 (USDA, 2023), apesar disso, esse montante não supre a demanda interna de trigo no país sendo necessário a importação desse cereal.


Dessa forma, os produtores têm buscado estratégias de eficiência na utilização dos insumos que visem incrementar a produtividade e, consequentemente, a lucratividade do produtor rural. O nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais requeridos pela cultura do trigo, tendo estreita relação com o seu potencial produtivo, desempenhando importante função no desenvolvimento da atividade fotossintética da planta e na formação de proteína nos grãos.


O trigo é altamente responsivo à adubação nitrogenada. Atualmente a principal forma de nitrogênio utilizada pelos produtores é a ureia, porém, devemos ter alguns cuidados no momento da aplicação, já que esse nutriente pode sofrer várias reações no solo que pode potencializar suas perdas, reduzindo sua eficiência.



Como mensurar a quantidade de nitrogênio?


Para mensurar a quantidade de nitrogênio necessária para o bom desenvolvimento da cultura, é essencial realizar a amostragem e análise do solo. Para isso, existem procedimentos que devem ser seguidos. Conforme cita a Comissão de Química e Fertilidade do Solo - RS/SC (CQFS), a amostragem de solo pode ser feita em qualquer época do ano, entretanto, recomenda-se realizá-la de dois a três meses antes da semeadura, sendo o ideal, em média, 15 subamostras por gleba homogênea em profundidade de 0 cm a 10 cm em caso de plantio direto consolidado.


No caso do nitrogênio, os parâmetros que devem ser considerados para a recomendação são o teor de matéria orgânica (M.O) que constar na análise, a expectativa de rendimento da cultura de interesse, as perdas do N aplicado e a cultura antecessora, que determinará se irá ocorrer maior mineralização ou imobilização do nitrogênio.


A recomendação trazida pela CQFS, é aplicar 15 kg a 20 kg de N por hectare na semeadura e o restante em cobertura entre os estádios de afilhamento e de alongamento do colmo.


Para determinação da quantidade necessária, o manual traz dados com base em uma expectativa de rendimento de 3 t/ha, ou seja, 50 sacos de trigo, onde:


  • Teores inferiores ou iguais a 2,5% de M.O recomenda-se 60 kg de N/ha quando uma leguminosa como soja, ervilhaca ou trevo anteceder o trigo, ou 80 kg de N/ha quando uma gramínea como aveia, azevém ou milho anteceder o trigo;
  • Entre 2,6% e 5% de M.O recomenda-se 40 kg de N/ha (leguminosas) e 60 kg de N/ha (gramíneas);
  • Teores acima de 5% de M.O, recomenda-se dose igual ou inferior a 20 kg de N/ha, independente da cultura antecessora.


Além disso, para rendimentos superiores a 3 t/ha, deve-se acrescentar aos valores citados 20 kg de N/ha no caso de leguminosas como cultura antecessora, e 30 kg de N/ha para gramíneas para cada tonelada adicional de grãos a serem produzidos.


Como melhorar a eficiência do uso de nitrogênio?


A ureia é a principal fonte de nitrogênio utilizada na cultura do trigo, porém é recorrente as perdas por volatilização e/ou lixiviação desse nutriente quando manejado de forma incorreta. Portanto, é imprescindível atentar-se para inúmeros fatores de ambiente, manejo e estado fenológico das plantas para otimizar o uso deste fertilizante.


A lixiviação do nitrogênio ocorre quando o nutriente é perdido no perfil do solo carregado junto da água da chuva. Já a volatilização refere-se a perda do nutriente para a atmosfera, quando em meio às transformações que a ureia sofre, forma-se o NH3 (amônia), que é um gás altamente volátil.


Parcelar a dose do nitrogênio é uma estratégia que minimiza as perdas desse nutriente e ainda otimiza a eficiência do aproveitamento pela planta, já que ele será disponibilizado nas fases críticas do desenvolvimento da cultura. Em regiões como o Cerrado, onde o cultivo do trigo é sob pivô central em um período em que não ocorre chuva durante todo o cultivo do trigo, é comum a incorporação de toda a ureia antes da semeadura, visando aumentar a eficiência do nitrogênio. Essa prática é utilizada visando eliminar as perdas por volatilização de NH3, que é o principal caminho de perda do nitrogênio nos sistemas de produção.

Dessa forma, recomenda-se a aplicação de nitrogênio baseada na observação do meristema apical da planta, nas fases compreendidas de duplo anel (perfilhamento), e espigueta terminal (Elongação) (figura 1 e 2, respectivamente). Para observar o meristema apical ou ápice de crescimento, é necessário coletar plantas a campo e dissecá-las com o auxílio de uma agulha histológica.


Figura 1. “Duplo anel”. Fonte: Êxito Agro      Figura 2. “Espigueta terminal”. Fonte: Êxito Agro


De maneira geral, é possível observar a fase de duplo anel quando a cultura está com 2 a 4 folhas, podendo haver variações conforme a interação de cultivares e o ambiente de produção. A aplicação de nitrogênio nessa fase é muito importante, visto que nesse momento ocorre o início da formação da espiga, e define-se o número de espigas/m².


A espigueta terminal é facilmente encontrada internamente na planta no início do período de alongamento da cultura, quando a planta apresenta o 1º nó visível. Nesse período é definido o número de espiguetas por espiga e o desenvolvimento dos órgãos florais que darão origem aos grãos, por isso, é recomendada aplicação de nitrogênio.


Além da época e dose, é necessário ter um cuidado em relação a outros fatores no momento da aplicação, com o objetivo de maximizar a eficiência do nitrogênio e consequentemente reduzir as perdas do nutriente. Dessa forma, deve-se realizar a aplicação somente quando houver umidade suficiente para que a ureia seja dissolvida e ocorra o transporte até as raízes das plantas. O ideal é que a aplicação seja realizada antes de uma precipitação pluvial de média intensidade (10 a 20 mm), minimizando assim as perdas por volatilização. Deve-se também priorizar a aplicação em horas menos quentes do dia e sem a incidência de ventos fortes. Se o operacional permite, de preferência fazer a aplicação da meia tarde em diante, em dias ensolarados e com umidade no solo.


Por fim, vale salientar que todas as práticas citadas devem ser realizadas de forma criteriosa, visando sempre alcançar a máxima eficiência no uso desse fertilizante e, consequentemente, agregar em produtividade para o produtor rural.


Texto escrito por Diogo Moraes Verzegnazzi e Dyeferson dos Reis Rocha acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial - PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Referências

Foto de capa: Reprodução/Biotrigo

ANTUNES, J.M. “Influência do nitrogênio na qualidade do trigo”. EMBRAPA. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2085244/influencia-do-nitrogenio-na-qualidade-do-trigo>. Acesso em: 22/05/2024.


CONAB. “Análise mensal – trigo”. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-do-mercado/historico-mensal-de-trigo/item/21201-trigo-analise-mensal-junho-2023>. Acesso em: 21/05/2024.


CQFS. Comissão de química e fertilidade do solo – RS/SC. Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 11. ed. Porto Alegre: SBCS-Núcleo Regional Sul, 2016. Acesso em: 24/05/2024.


EMBRAPA. “Nitrogênio”. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/publicacoes/sist-prod/cevada02/cev6-3-1.htm#:~:text=Al%C3%A9m%20da%20observ%C3%A2ncia%20do%20est%C3%A1dio,ar%20e%20ocorr%C3%AAncia%20de%20vento.>. Acesso em: 22/05/2024.


RODRIGUES, Osmar et al. Ecofisiologia do trigo: bases para elevado rendimento de grãos. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/932195/ecofisiologia-de-trigo-bases-para-elevado-rendimento-de-graos. Acesso em: 25/05/2024.

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