Selecione a fonte desejada
Menu

O impacto da matocompetição na soja: como potencializar a produtividade e reduzir as perdas

A competição da cultura com plantas daninhas pode impactar diretamente na produtividade, gerando disputa por recursos essenciais como água, luz e nutrientes

A soja é a oleaginosa mais produzida no mundo e, devido a sua grande demanda global, é fundamental entender os fatores que garantem a máxima produtividade da lavoura. Entre eles, podemos destacar a matocompetição como um dos principais desafios, pois interfere diretamente no desenvolvimento e na produtividade da cultura da soja.


A competição da cultura com plantas daninhas denomina-se matocompetição. Essa situação pode impactar diretamente na produtividade, gerando competição por recursos essenciais como água, luz e nutrientes entre a cultura principal e as plantas daninhas. Além disso, afeta indiretamente quando eleva os custos de produção, reduz a qualidade do produto fianl, dificulta a colheita e favorece o surgimento de pragas e doenças (EMBRAPA, 2023).


Essa competição se destaca principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura, causando perdas de produtividade que podem superar 80% e, em casos mais severos, inviabilizar a colheita.


As plantas daninhas apresentam características que favorecem o seu desenvolvimento, como rápida germinação e crescimento inicial, sistema radicular abundante, grande capacidade de absorver água e nutrientes do solo, alta eficiência no uso da água, elevada produção de propágulos e eficiente disseminação, tornando a competição mais agressiva.


Perdas de produtividade


As plantas daninhas podem competir com a soja ao longo de todo o ciclo, provocando perdas na produtividade que podem variar entre 29% e 90%, conforme descrito por Blanco (1974). Em casos em que não são realizados nenhum tipo de controle, a Embrapa estima que as perdas podem passar de 90%. Em média, as perdas na produção de grãos por plantas invasoras estão estimadas entre 13% e 15%, por isso, compreender o impacto das plantas daninhas e agir de forma estratégica e assertiva é fundamental para o sucesso no campo.



Quando manejar?


Há momentos em que a cultura da soja apresenta maior sensibilidade à competição. Esse intervalo, conhecido como Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI), corresponde à fase em que as práticas de controle devem ser adotadas de forma efetiva. Caso não seja feito um manejo eficiente nesse período, haverá perdas quantitativas e/ou qualitativas da produção da cultura. Ele ocorre entre o Período Anterior à Interferência (PAI), onde há presença de plantas daninhas na lavoura, mas não causam prejuízos significativos à soja, e o Período Total de Prevenção à Interferência (PTPI), período pós emergência, onde a cultura deve se desenvolver livre da matocompetição, a fim de não promover perdas na produtividade.


É importante salientar que o período crítico varia de acordo com a cultivar, tipo de solo e clima, data de semeadura, entre outros fatores. Além disso, ele é descrito em dias ou semanas e não com base no estádio de desenvolvimento da cultura, o que reduz sua aplicabilidade.



Identificando as principais plantas daninhas na cultura da soja


No cenário atual da região Sul do país, podemos destacar algumas plantas que causam grandes prejuízos nas lavouras de soja, sendo uma das principais a Buva (Conyza spp.), provocando uma perda de até 90% de produtividade quando não controlada.



Fonte: Mais Soja



O Caruru (Amaranthus spp.) apresenta difícil controle por possuir alta produção de sementes, rápido desenvolvimento, longo período de dormência no solo e dificuldade na identificação precoce da espécie, além de apresentar resistência ao glifosato.



Fonte: Reprodução/internet


O leiteiro (Euphorbia heterophylla) é um exemplo de folha larga que atrapalha o desenvolvimento da soja e a interferência do seu látex na colheita de campos infestados deprecia o produto colhido e afeta também seu preço final. Além do leiteiro, a Corriola (Ipomoea spp.) também dificulta a colheita por apresentar hábito de trepadeira e se espalhar facilmente pelo solo.



Estratégias de manejo para reduzir a matocompetição


A redução da matocompetição na soja demanda a integração de diversas estratégias de manejo. Por exemplo, o uso de plantas de cobertura, como milheto ou crotalária, no período de entressafra, forma uma camada de palhada que dificulta a germinação de sementes de plantas daninhas, como o capim-amargoso (Digitaria insularis). Além disso, é importante realizar a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, visando minimizar a resistência de espécies problemáticas, como Amaranthus spp. Uma prática comum é alternar herbicidas como Glifosato (grupo EPSPS) com Diclosulam (grupo ALS), reduzindo a seleção de plantas daninhas resistentes, como o Caruru e a Buva.


A utilização de herbicidas pré-emergentes também tem se tornado um grande aliado nas lavouras, pois agem no banco de sementes, inibindo a germinação de sementes de plantas daninhas e prevenindo a matocompetição na fase inicial da soja e permitem o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, diminuindo a seleção e minimizando a resistência de plantas daninhas, garantindo um controle inicial eficaz e reduzindo a pressão sobre manejos posteriores, como o sulfentrazone, que quando aplicado logo após o plantio da soja, controla o desenvolvimento inicial de plantas daninhas que competem com a cultura. É importante não realizar a utilização de subdoses de produtos, a fim de prevenir resistência das plantas invasoras e priorizar o controle de plantas daninhas jovens, mais sensíveis aos herbicidas e de manejo mais eficiente.


Para reforçar a sustentabilidade, é interessante realizar práticas preventivas, como limpeza de máquinas e redução do banco de sementes no solo, por exemplo, limpar o maquinário ao sair de áreas infestadas por Amaranthus spp., evitando a dispersão de sementes em campos que apresentam nula ou baixa densidade desta espécie.


Texto escrito por Eduarda Kaiser Dalbianco e Vitória Hedwiges Bender Carlson, membros da AGR Jr. Consultoria Agronômica, Empresa Júnior do Curso de Agronomia da UFSM Campus Frederico Westphalen, sob a orientação da professora Dra. Gizelli Moiano de Paula.


Referências bibliográficas:


BORSOI, Augustinho et al. Interferência da matocompetição nos parâmetros produtivos da soja. Cultivando O Saber, Cascavel, p. 12-13, 2024. Trimestral. Disponível em: https://cultivandosaber.fag.edu.br/index.php/cultivando/article/view/1298/1118. Acesso em: 26 nov. 2024.


FERNANDO FILHO,. Matocompetição e produtividade da soja: como manejar? 2024. Disponível em: https://agriculture.basf.com/br/pt/conteudos/cultivos-e-sementes/soja/matocompeticao-e-produtividade-da-soja-como-manejar. Acesso em: 28 nov. 2024.


SCHEIFLER, B. “Um manejo caro é não conseguir controlar bem as plantas daninhas e perder produtividade”, afirma pesquisador - Destaque Rural. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2024.


SANCHOTENE, Danie Martini et al. Desempenho de diferentes herbicidas pré-emergentes para controle de Euphorbia Heterophylla na cultura da soja. Perspectiva, Erechim, p. 7-15, 30 jun. 2017. Trimestral. Disponível em: https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/155_630.pdf. Acesso em: 28 nov. 2024.


CARVALHO, Lenisson Fernandes et al. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA CULTURA DA SOJA. 2021. 42 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Programa de Pós-Graduação em Proteção de Plantas, Instituto Federal Goiano, Urutaí, 2021.


EDITOR DE CONTEÚDO. Mais Agro | Notícias, Tendências e Análises. Disponível em: .


ENGEL, Guilherme Eduardo. Herbicidas pré-emergentes no controle de plantas daninhas na cultura da soja. 2023. 51 f. TCC (Doutorado) - Curso de Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena, 2023. Disponível em: https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/33773/1/herbicidasplantasdaninhassoja.pdf. Acesso em: 28 nov. 2024


TORRES, L. Corda-de-viola: o que é e como é feito o seu manejo? Disponível em: .


RIZZARDI, Mauro Antônio. Plantas daninhas no Brasil: Leiteiro. 2017. Disponível em: https://www.corteva.com.br/content/dam/dpagco/corteva/la/br/pt/bpa-site/ebooks/pdfs/Ebook_MPD_Plantas_daninhas_no_Brasil_Leiteiro.pdf. Acesso em: 29 nov. 2024.


BAYER, Agro. Como controlar o Caruru: tecnologias integradas de manejo têm se mostrado promissoras para o controle do caruru em lavouras de soja, milho e algodão.. Tecnologias integradas de manejo têm se mostrado promissoras para o controle do Caruru em lavouras de Soja, Milho e Algodão.. 2023. Disponível em: https://www.agro.bayer.com.br/conteudos/como-controlar-caruru. Acesso em: 30 nov. 2024.


Developed by Agência Jung
X

Inscrição PAP Digital Versão BETA

O PAP é uma ferramenta desenvolvida por consultores 3tentos para produtores rurais
*Campos obrigatórios
Enviar
Logo 3tentos Original em Vetor

Mande sua mensagem

Selecione um assunto
Comercial Insumos
Comercial Grãos, Óleo e Farelo
Trabalhe Conosco
Indústria de Extração e Biodiesel
*Campos obrigatórios
Enviar
Logo 3tentos Original em Vetor
CotaçõesCotações
Soja
Dólar
Bolsa Chicago
Referência: 14/05/2021
Produto Último Máxima Mínima Abertura Fechamento %
[CBOT] Arroz 13,42 13,33 -0.22%
[CBOT] Farelo 431,5 423,5 0.00%
[CME Milk Futures] Leite 18,87 18,99 18,87 18,98 18,88 -0.79%
[CBOT] Milho 692,5 718,75 685 717,25 685 -4.73%
[CBOT] Óleo de Soja 68,59 68,41 +0.54%
[CBOT] Soja 1602,5 1625 1620,75 1625 1603,75 -0.53%
[CME Lean Hog Futures] Suínos 111,15 111,575 111,15 111,45 111,15 -0.29%
[CBOT] Trigo 737 730,25 727,25 730,25 727,25 +0.10%
Referência: 13/05/2021
Produto Último Máxima Mínima Abertura Fechamento
[CBOT] Arroz 13,765 13,36
[CBOT] Farelo 424,7 448 427 448 423,5
[CBOT] Trigo 730 756,5 737 750 726,5
[CME Milk Futures] Leite 18,95 19,1 18,94 19,05 19,03
[CME Lean Hog Futures] Suínos 111,475 111,925 111,2 111,775 111,475
[CBOT] Milho 729 776,5 709,75 757,5 719
[CBOT] Óleo de Soja 69,05 71,91 70,85 70,85 68,04
[CBOT] Soja 1612 1657 1598 1657 1612,25
Frequência de atualização: diária