Selecione a fonte desejada
Menu

Interferência do clima seco sobre insetos-praga da soja

Ataque de invasores podem causar perdas significativas na produtividade. Confira quais manejos utilizar.

Durante o ciclo da soja, diversos fatores contribuem para a diminuição da produtividade da cultura, destacando-se os insetos-praga, que causam perdas significativas e requerem um manejo eficiente e preciso.

A temperatura e a umidade são dois fatores que impactam fortemente no desenvolvimento dos insetos. Nesse sentido, com a ocorrência de fenômenos climáticos extremos, como chuvas torrenciais e longos períodos sem precipitação, a dinâmica dos insetos-praga nos ambientes agrícolas também pode ser afetada, destacando-se principalmente a falta de chuva, que favorece pragas específicas nas lavouras de soja do Brasil.


Tripes 

Duas espécies de pragas da ordem Thysanoptera frequentemente ocorrem nas lavouras de soja sob clima seco e elevadas temperaturas, a Frankliniella schultzei (Imagem 1) e Caliothrips brasiliensis (Imagem 2).

Ambas apresentam tamanho diminuto e hábitos semelhantes, entretanto a primeira espécie pode alcançar maior tamanho quando comparado com a C. brasiliensis. Elas se alimentam da seiva das plantas gerando dano na raspagem das folhas e posterior alimentação da seiva secretada.

Como resultado dos danos, as folhas infestadas ficam com uma coloração prateada. Além disso, podem sofrer alterações em sua consistência, tornando-se quebradiças, arqueadas e caindo antes do tempo.


Imagem 1. Adulto da Frankliniella schultzei.

Fonte: Agrolink.


Imagem 2. Infestação de Caliothrips brasiliensis em folíolo de soja.

Fonte: Maurício Pasini (2020).


Para saber mais sobre estas pragas, acesse: https://www.3tentos.com.br/triblog/post/80.


Lagarta-Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Essa praga ataca a cultura no seu desenvolvimento inicial e seu dano se caracteriza por penetrar na plântula de soja pela região do colo, próximo do solo. Esse ataque ocasiona murchamento, seca e tombamento das plantas e a perda de stand, que dependendo da severidade do ataque pode reduzir a produtividade da lavoura de soja e sua identificação se dá pelos anéis vermelhos que circundam o corpo da lagarta (Imagem 3).

Tem a capacidade de escavar galerias pelo solo onde se abrigam, empupam e passam para a fase adulta. O adulto (mariposa) não causa danos à soja. Sua ocorrência é favorecida em solos arenosos e escarificados em virtude desse ambiente proporcionar uma temperatura de solo favorável ao seu desenvolvimento. A utilização de cultivares de soja com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) apresenta alta eficiência de controle (BOAS PRÁTICAS AGRONÔMICAS, 2021).


Imagem 3. Lagarta-Elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

Fonte: Manual de Pragas da Soja (2009).


Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

Outra praga da cultura da soja é a Lagarta rosca (Imagem 4), que tem essa denominação pelo hábito de se enrolar ao serem atacadas. São mais ativas durante a noite e durante o dia se escondem no solo, sob palhada, em buracos ou debaixo de torrões de solo, geralmente perto das plantas das quais se alimentam.

O dano dessa praga também ocorre no estabelecimento da cultura, quando realizam o corte das plântulas de soja recém emergidas, com seu dano geralmente ocorrendo em reboleiras. Assim como a Elasmopalpus lignosellus, a tecnologia Bt apresenta alta eficiência de controle. Como são mais ativas durante a noite, aplicações na madrugada ou início da manhã são mais eficientes, pois durante o dia essas lagartas se protegem da radiação solar.



Imagem 4. Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon).

Fonte: Francisca N. Haji.


Lagarta Falsa-medideira (Rachiplusia nu)

A espécie Rachiplusia nu recebeu a denominação comum de “falsa medideira” pelo seu hábito de movimentação do tipo mede palmo (Imagem 5), isso ocorre devido a sua anatomia de possuir três pares de patas na região abdominal e frontal do seu corpo, possibilitando esse tipo de movimento. As lagartas são de coloração verde com linhas brancas longitudinais e podem chegar a 5 centímetros de comprimento.

A Rachiplusia nu e Chrysodeixis includens (também chamada de Lagarta Falsa-medideira), apesar de fisionomia e hábitos muito semelhantes, se diferenciam pela presença de micro espinhos na região superior à inserção das três pernas torácicas na espécie Rachiplusia.


Imagem 5. Lagarta Falsa-medideira (Rachiplusia nu).

Fonte: Revista Cultivar (2023).


Seu dano é decorrente da alimentação do parênquima das folhas da soja, não consumindo apenas as nervuras, caracterizando um aspecto rendilhado na lâmina foliar. É uma praga típica de baixeiro o que a torna um alvo difícil. Por isso, aplicações de inseticidas, quando necessário, devem ser realizadas na madrugada ou nas primeiras horas da manhã quando essa lagarta sobe para o terço médio da planta, o que a torna um alvo mais fácil, aumentando a eficiência de controle.

Segundo o MIP-Soja da Embrapa (2023), o nível de controle de lagartas na soja é de 30% de desfolha no estádio vegetativo e 15% no estádio reprodutivo, mas é importante monitorar e não ultrapassar o nível de dano econômico.


Figura 6. Percevejo marrom (Euschistus heros).

Fonte: Revista Cultivar.


Percevejo Marrom (Euschistus heros)

Um dos principais percevejos praga da cultura da soja é conhecido como percevejo-marrom. Esse inseto se destaca por apresentar uma mancha em formato de “meia-lua” de coloração amarela, localizada na base do escutelo (estrutura dorsal próxima ao tórax). Sua coloração corporal pode variar entre marrom claro e tons mais escuros, chegando ao preto, o que pode dificultar sua identificação em algumas condições de campo. Os adultos medem, em média, cerca de 11 mm de comprimento.

Ataca diversas partes da planta, incluindo ramos, hastes e, principalmente, as vagens em formação. Os danos ocorrem devido à alimentação por sucção, que afeta o desenvolvimento dos grãos. Os grãos atacados podem apresentar até 40% menos peso em relação aos grãos sadios, além de deformações e redução na qualidade, especialmente em áreas destinadas à produção de sementes. Estima-se que, em infestações severas, as perdas podem alcançar até 10 sacas de soja por hectare.


O controle desta praga deve ser de média 2 percevejos por batida-de-pano para produção de grão, e 1 percevejo por batida-de-pano para áreas destinadas à produção de sementes. Uma estratégia de controle é o de plantas daninhas e plantas tigueras, para que não sejam hospedeiras dessa praga, além de aplicações de inseticidas químicos, que está sendo o mais eficaz.Vale lembrar, que não é necessário controle durante a fase vegetativa da soja, porém o nível de infestação deve ser zero ou muito baixo no início do reprodutivo da soja para facilitar seu manejo.



Mosca-branca (Bemisia tabaci)

É um inseto sugador de ampla distribuição e importância econômica em diversas culturas agrícolas, incluindo a soja. Esse inseto apresenta-se principalmente na parte inferior das folhas, onde ficam tanto os ovos quanto os adultos. Os adultos possuem coloração amarelo-palha e medem entre 1 mm e 2 mm, sendo as fêmeas maiores que os machos. Os ovos têm formato de pera e são encontrados agrupados nas folhas.

Os danos diretos causados pela mosca-branca estão relacionados à sucção de seiva e à injeção de toxinas, resultando em amarelecimento, murcha e queda precoce das folhas. Esses efeitos comprometem a capacidade fotossintética da planta e podem reduzir significativamente a produtividade.

Quanto aos danos indiretos, a mosca-branca são vetores de diversas viroses, sendo uma das mais preocupantes a necrose-da-haste, que afeta a soja. Os sintomas dessa virose incluem necrose nas brotações novas, impactando o crescimento e o desenvolvimento da planta, o que pode resultar em perdas expressivas de produtividade.

O monitoramento desta praga deve ser frequente, principalmente do terço inferior, superior e mediano das folhas. O controle químico deve ser realizado quando cinco ninfas forem encontradas nas folhas. Além do controle químico, também é possível realizar outros manejos como o controle biológico e o controle com parasitoides. Dentro do monitoramento de pragas, definido o ponto de monitoramento, essa é a primeira praga a ser observada com uma pequena agitação das plantas e a percepção da presença do adulto. Observando a presença do adulto é avaliado a presença e pressão da ninfa na parte inferior das folhas.


Figura 7. Mosca branca (Bemisia tabaci).

Fonte: A Tribuna MT.



Ácaro (Tetranychus urticae)

Pertencente ao grupo de ácaros, destaca-se como uma das espécies mais agressivas, sendo amplamente reconhecido por seu impacto em diversas culturas agrícolas. Seus ovos possuem uma aparência brilhante, facilitando sua identificação nas superfícies vegetais. As ninfas apresentam semelhanças morfológicas com o ácaro-verde, porém distinguem-se por possuírem duas manchas escuras sobre a coloração verde do corpo. À medida que evoluem para a fase adulta, essas manchas tornam-se ainda mais evidentes, especialmente nas fêmeas, cuja coloração apresenta uma intensidade mais pronunciada.

Os danos causados inicialmente, manifestam-se na forma de pequenas pontuações de cor cinza-claro na face inferior das folhas. Com o avanço da infestação, essas áreas evoluem para tons acinzentados mais intensos na parte inferior e colorações amareladas na face superior da folha. Esse processo de degradação interfere diretamente na capacidade fotossintética da planta, podendo comprometer significativamente seu desenvolvimento e produtividade, dependendo do grau de infestação.

O controle pode ser feito através do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e a adoção de defensivos agrícolas seletivos que minimizem o impacto sobre inimigos naturais, como predadores e parasitoides de ácaros. Além disso, práticas culturais como a eliminação de plantas hospedeiras próximas e a manutenção de um ambiente desfavorável à proliferação do ácaro, como boa irrigação, podem reduzir sua incidência.

É importante observar que, na necessidade do manejo de lagartas, o uso sequencial de inseticidas do grupo químico dos piretróides pode desequilibrar e aumentar a pressão dessa praga, por isso da necessidade de se rotacionar grupos de produtos químicos e evitar o uso excessivo do mesmo grupo.


Figura 8. Ácaro (Tetranychus urticae).

Fonte: Agrolink.



Conclusão

A cultura da soja enfrenta inúmeros desafios no manejo, em relação aos insetos-praga e ácaros que impactam diretamente a produtividade. Entre as pragas mais comuns estão os tripes, lagartas, percevejo-marrom, mosca-branca e o ácaro Tetranychus urticae. Essas espécies, muitas vezes favorecidas por condições climáticas adversas, como períodos de seca e altas temperaturas, demandam estratégias integradas de manejo para minimizar os danos e evitar prejuízos econômicos significativos.

Texto escrito por Eduarda Seger da Silva Pinheiro e Máicon Luz Kilpp, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial - PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Referências Bibliográficas:


Foto: Jovenil Silva/Embrapa Soja


BETTIOL, W. et al. Aquecimento global e problemas fitossanitários. Brasília-DF. Embrapa, 2017. pg. 280-347.


BOAS PRÁTICAS AGRONÔMICAS. Principais pragas controladas pela Tecnologia Bt em Soja, Milho e Algodão. Disponível em : <https://boaspraticasagronomicas.org.br/conheca-as-principais-pragas-controladas-pela-tecnologia-bt-em-soja-milho-e-algodao/>. Acesso em 28 de nov. de 2024.


BUENO, A. de F. et al. Manejo Integrado de Pragas da Soja. Embrapa Soja. Londrina-PR. 2023


MOREIRA, H. J. da C. ARAGÃO, F. D. Manual de Pragas da Soja. Campinas-SP. 2009. 144p.


FARMBOX. Quem é a “nova” falsa-medideira encontrada nas lavouras de soja do Cerrado?.

Disponível em : <https://www.farmbox.com.br/post/quem-%C3%A9-a-nova-falsa-medideira-encontrada-nas-lavouras-de-soja-do-cerrado>. Acesso em 28 de nov. de 2024.


Percevejo marrom (Euschistus heros). Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/problemas/percevejo-marrom_1953.html>. Acesso em 03 de dez. de 2024.


BARROS, L. Percevejo marrom: 7 Estratégias de controle na soja. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/percevejo-marrom/>. Acesso em 03 de dez. de 2024.


MATIOLI, T. F. Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/mosca-branca/>. Acesso em 3 de dez. de 2024.

Disponível em: <https://www.brasmaxgenetica.com.br/blog/acaro-na-soja/>. Acesso em 3 de dez. de 2024.

Developed by Agência Jung
X

Inscrição PAP Digital Versão BETA

O PAP é uma ferramenta desenvolvida por consultores 3tentos para produtores rurais
*Campos obrigatórios
Enviar
Logo 3tentos Original em Vetor

Mande sua mensagem

Selecione um assunto
Comercial Insumos
Comercial Grãos, Óleo e Farelo
Trabalhe Conosco
Indústria de Extração e Biodiesel
*Campos obrigatórios
Enviar
Logo 3tentos Original em Vetor
CotaçõesCotações
Soja
Dólar
Bolsa Chicago
Referência: 14/05/2021
Produto Último Máxima Mínima Abertura Fechamento %
[CBOT] Arroz 13,42 13,33 -0.22%
[CBOT] Farelo 431,5 423,5 0.00%
[CME Milk Futures] Leite 18,87 18,99 18,87 18,98 18,88 -0.79%
[CBOT] Milho 692,5 718,75 685 717,25 685 -4.73%
[CBOT] Óleo de Soja 68,59 68,41 +0.54%
[CBOT] Soja 1602,5 1625 1620,75 1625 1603,75 -0.53%
[CME Lean Hog Futures] Suínos 111,15 111,575 111,15 111,45 111,15 -0.29%
[CBOT] Trigo 737 730,25 727,25 730,25 727,25 +0.10%
Referência: 13/05/2021
Produto Último Máxima Mínima Abertura Fechamento
[CBOT] Arroz 13,765 13,36
[CBOT] Farelo 424,7 448 427 448 423,5
[CBOT] Trigo 730 756,5 737 750 726,5
[CME Milk Futures] Leite 18,95 19,1 18,94 19,05 19,03
[CME Lean Hog Futures] Suínos 111,475 111,925 111,2 111,775 111,475
[CBOT] Milho 729 776,5 709,75 757,5 719
[CBOT] Óleo de Soja 69,05 71,91 70,85 70,85 68,04
[CBOT] Soja 1612 1657 1598 1657 1612,25
Frequência de atualização: diária