O que é azevém (Lolium multiflorum)?
O azevém (Lolium multiflorum) é uma planta daninha amplamente distribuída em regiões temperadas do sul do Brasil, pois esta espécie é citada como uma das poucas Poaceas (gramíneas) capaz de ter um pleno crescimento e desenvolvimento durante a estação fria do ano.
O azevém infesta principalmente a cultura do trigo além de outros cultivos de inverno como aveia, canola, cevada, etc. Por outro lado, para pecuaristas gaúchos trata-se de uma das principais opções forrageiras para o período de inverno, sendo amplamente cultivado na metade sul do estado, principalmente devido a qualidade forrageira e adaptabilidade em várias regiões.
Além disso, em algumas regiões do estado o azevém ainda pode ser usado apenas como planta de cobertura durante o período de inverno.
Características do Azevém
As mesmas características que fazem do azevém uma boa opção forrageira para suprir a demanda animal durante o inverno também o garantem como uma planta daninha com alto potencial competitivo com as culturas de inverno, em especial o trigo. Isso porque trata-se de uma gramínea anual que tem potencial de garantir a ressemeadura natural da espécie para o próximo ano; excelente quando pensamos em pastagem, mas uma grande dor de cabeça para o produtor de trigo.
Além dessa característica possui um sistema radicular altamente ramificado e denso com grandes quantidades de raízes adventícias e fibrosas. Quanto aos colmos, estes são cilíndricos e eretos, podendo-se tornar decumbentes, e podem atingir cerca de 100-120 cm com lâminas foliares brilhantes.
Essas características somadas a presença de lígulas e aurículas características, podem ajudar na diferenciação desta espécie dentro dos cultivos de aveia, trigo e de outros cereais de inverno.
Vale lembrar que o primeiro passo para controle e manejo do azevém em cereais de inverno é a identificação precoce da espécie nas áreas somado a praticas de manejo eficazes na contenção da espécie.
Qual o impacto do azevém na produtividade do trigo?
A taxa de crescimento das plantas de azevém é superior as plantas de trigo e podem impactar consideravelmente o perfilhamento da cultura, absorção de nutrientes, fotossíntese e os aspectos gerais de crescimento do trigo que irão impactar na produtividade final de grãos da cultura.
Estudos indicam que apenas 1 planta de azevém por metro quadrado reduz 0,4 % a produtividade final de grãos do trigo, podendo essa porcentagem ser maior ainda dependendo da cultivar de trigo, solo, clima, entre outros fatores. Essas observações reforçam a necessidade de adoções de praticas de manejos eficientes e precoces.
Pesquisas indicam na média que entre os 10 e 30 dias após a emergência da cultura é imprescindível que se mantenha a lavoura livre da presença de azevém, sendo recomendado priorizar o controle de azevém desde a dessecação pré-plantio até o final do ciclo da cultura, evitando o estabelecimento e produção de sementes da infestação na área.
Mas como eu controlo o azevém no trigo?
O controle químico do azevém após o estabelecimento da cultura do trigo é dificultado devido a grande similaridade morfológica e fisiológica entre as espécies, logo existem poucos herbicidas seletivos para o trigo e eficientes no controle do azevém.
Nesse sentido, é importante seguir a regra clássica de “semear no limpo” e manter a cultura no “limpo”. Essa regra significa fazer o manejo de dessecação com os produtos eficazes no controle de azevém e outras plantas daninhas, além de usar herbicidas residuais (pré-emergentes) para agir no controle de novos fluxos de azevém principalmente nos estágios iniciais da cultura.
Todavia, hoje no mercado existem poucas moléculas registradas e seletivas para o trigo na modalidade de aplicação pré-emergente e esses herbicidas em geral demandam elevado conhecimento técnico em sua utilização.
Vale ainda, lembrarmos a importância de manter o trigo livre de invasoras nos estágios iniciais onde a definição do teto produtivo está sendo construído.
Por fim, após a emergência da cultura apesar do leque de opções herbicidas para controle ser mais amplo, cabe o produtor monitorar o estágio das plantas de azevém para que o controle da invasora seja realizado o mais precoce possível, onde a maioria das moléculas disponíveis no mercado tem espectro de controle restrito aos estágios de 3-4 folhas.
Conclusão
O azevém é sem dúvidas a planta daninha de maior importância na cultura do trigo, devido as suas características de crescimento e desenvolvimento, habilidades de dispersão e potencial da redução de produtividade no trigo. Assim, o manejo da invasora é baseado em planejamento e identificação da espécie, envolvendo a escolha dos herbicidas adequados para a dessecação pré-plantio, o uso de herbicidas pré-emergentes eficazes e seletivos para o trigo e controle precoce em pós-emergência nos estágios iniciais da cultura.
Portanto, fique atento, a construção de altas produtividades no trigo já começou!
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