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Fungicidas: estratégias para uma boa produção de trigo

Para obtermos uma boa produção de trigo, de maneira geral, é necessária uma adequada população de plantas, considerando a cultivar e condições ambientais, local, época de semeadura e nível de investimento em adubação, nutrição e manutenções fitossanitárias.


Doenças em trigo e estratégias de controle


Durante a safra a cultura está submetida a uma série de fatores que podem comprometer o potencial produtivo, dentre eles os fungos causadores de doenças. Neste sentido algumas estratégias são fundamentais para obtermos uma boa produção de trigo. A primeira delas é a utilização de sementes com qualidade fisiológica (vigor e germinação) associada a um tratamento de sementes robusto. 


O tratamento de sementes auxilia tanto no ataque inicial de pragas, como no controle de doenças vinculadas a semente ou ao solo, como podridões radiculares e manchas foliares que vão comprometer o estande de plantas, o perfilhamento e a sanidade geral da lavoura. E, caso acometam a folha bandeira, o impacto na produtividade será severo. 

As machas, em destaque a amarela e marrom, causadas pelos fungos Drechslera tritici-repentis e Bipolaris sorokinoana, respectivamente, são favorecidas pelo clima úmido (temperatura amena e molhamento foliar). Para o manejo de manchas, é fundamental o manejo cultural – rotação de culturas – reduzindo o inóculo inicial e a severidade da doença. Além disso, a utilização de fungicidas do grupo químico dos triazóis pode contribuir eficientemente para o manejo dessas doenças (Figura 1). 






Figura 1: Área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD) estimada para manchas foliares em parcelas de trigo submetidas a diferentes manejos de fungicidas. Safra 2019, Santa Bárbara do Sul/RS.


Outra doença rotineira nas lavouras de trigo, e que ocorre principalmente durante as fases iniciais da cultura é o oídio, causada pelo fungo Blumeria graminis. É uma doença de clima seco, caracterizada por um micélio branco acinzentado e ocasiona a senescência prematura das folhas. Desse modo, é necessário adotar manejo preventivo para a doença, caso as condições estejam favoráveis ou os primeiros danos sejam visualizados. E, dentre as ferramentas que podem ser utilizadas para reduzir o progresso desta doença estão os triazóis e a morfolina (Figura 2). 






Figura 2: Área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD) estimada para oídio em parcelas de trigo submetidas a diferentes manejos de fungicidas. Safra 2019, Santa Bárbara do Sul/RS.


A ferrugem da folha, causada por Puccinia triticina e outras ferrugens, como a estriada e do colmo, ocasionadas por outras espécies do mesmo gênero, são importantes doenças da cultura do trigo. Temperaturas entre 15 e 25°C e orvalho, são suficientes para ocorrer a infecção, formando lesões circulares, que progridem a pústulas de onde são liberados os esporos do fungo, comprometendo boa parte da área foliar e produtividade. O manejo genético da ferrugem é o principal aliado e o uso de carboxamidas e estrobilurinas (Figura 3) pode contribuir no manejo desta doença.





Figura 3: Área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD) estimada para ferrugem em parcelas de trigo submetidas a diferentes manejos de fungicidas. Safra 2019, Santa Bárbara do Sul/RS.


Além das doenças foliares, as doenças de espiga, sendo a principal a giberela (Giberela zae) são importantes. A ocorrência é favorecida pelo tempo chuvoso e temperaturas mais elevadas, características da primavera, momento da abertura floral. Desse modo, a principal estratégia de controle está associada ao correto momento de aplicação de fungicidas. A aplicação na antese com alguns triazóis específicos associados a estrobilurinas e/ou benzimidazol são ferramentas eficientes. 



Quando iniciar o manejo e quantas aplicações utilizar?



Monitorar as condições da safra, ter conhecimento do histórico da área, culturas anteriores e doenças que já ocorreram e do residual dos produtos utilizados no tratamento de sementes, são fatores importantes para definir o momento da primeira aplicação. 


Aplicações preventivas, no perfilhamento, irão contribuir no manejo de manchas e oídio; já a aplicação na elongação tem se mostrado importantíssima (Figura 4) para o controle geral de doenças, mantendo folhas e afilhos sadios e assim, contribuindo para uma maior produtividade. Por sua vez, as aplicações no emborrachamento e antese irão proteger a folha bandeira (principal responsável pela produtividade) e espigas, respectivamente. E aplicações posteriores irão contribuir para o enchimento de grãos. 


Os resultados de ensaios internos mostram que existe um aumento de produtividade quando adotadas 3 ou mais aplicações (Figura 4), e que a aplicação de elongação tem contribuído substancialmente. Alternativamente, dependendo do ano, condições climáticas e nível de investimento, aplicações no perfilhamento e sequenciais após antese, podem ser realizadas.






Figura 4: Área abaixo da curva de progresso de doenças (ferrugem, manchas foliares e oídio) e produtividade de grãos (sc.ha-1) de trigo da cultivar TBIO Toruk avaliada na safra 2019, em Santa Bárbara do Sul/RS.


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