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Herbicidas em arroz: aplicação em ponto de agulha e entrada d’agua

O Rio Grande do Sul é considerado o maior produtor de arroz irrigado do Brasil, junto com Santa Catarina, são responsáveis por mais de 80% da produção nacional. Por ser o cereal mais consumido em todo o mundo, essa posição é de extrema importância para garantir a segurança alimentar. No entanto, a presença de plantas daninhas pode comprometer drasticamente a produtividade, levando até a inviabilidade econômica do negócio.


Dentre os métodos de cultivo do arroz no Rio Grande do Sul, predomina o irrigado. O que significa que a partir de certo momento do ciclo produtivo, o produtor precisa inundar a lavoura, mantendo uma lâmina de água uniforme até o final do ciclo. Essa prática limita a emergência de muitas plantas daninhas, sendo assim, um importante método de controle. Em contrapartida, sozinha, essa prática não é suficientemente eficiente para garantir altos níveis de produtividade, fazendo-se necessário o uso de herbicidas. 


Para o controle de plantas daninhas existem principalmente três momentos de intervenções, chamadas regionalmente de: aplicação de dessecação, aplicação de ponto de agulha e aplicação de entrada de água. Nessa época do ano, estamos entre as aplicações de ponto de agulha e prestes a começar as aplicações de entrada de água. Para estas fases serem bem definidas e facilitar o manejo, a uniformidade de desenvolvimento deve ser a maior possível e para isso um bom manejo no preparo de solo, confecção das taipas e no momento de semeadura são muito importantes para atingir esse objetivo.



Conceituando: ponto de agulha – aplicação realizada antes da primeira folha do arroz expandir completamente. Nesse ponto, não há absorção do herbicida. Essa fase é a “última chance” de se usar o glifosato na lavoura. Considerada muito importante já que, é uma molécula que apresenta alta eficiência de controle, pois temos poucos casos de resistência a esse mecanismo de ação quando falamos em arroz irrigado.


Pontos de atenção:


  • O uso de herbicidas pré-emergentes nessa aplicação, é muito importante, pois ainda temos um longo período até a próxima aplicação, facilitando assim, o estabelecimento da cultura sem a interferência de plantas daninhas.


  • Já que nessa aplicação quase que obrigatoriamente usaremos glifosato, devemos ter muito cuidado com deriva para talhões que já tiverem ultrapassado esta fase. 


  • O levantamento de quais plantas estão presentes na área, bem como histórico de resistência, deve ser feito a fim de rotacionar mecanismos de ação adequados para cada situação. 


Arroz em ponto de agulha. Foto: Jeferson Quevedo - Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento da 3tentos.



Conceituando: entrada d’agua – aplicação realizada entre os estágios de desenvolvimento V3-V4. O manejo ideal consiste em inundar a área em até 48 horas após a aplicação, principalmente para maior eficiência dos herbicidas aplicados.

Pontos de atenção:


  • Nessa aplicação deve-se considerar quais plantas estão presentes em cada talhão, bem como o histórico de resistências de cada planta, já que esse aspecto pode variar de talhão para talhão. Isso nos leva à escolha do herbicida mais adequado para cada situação.


  • Uso de pré-emergente também se faz importante, já que o manejo de irrigação não é perfeito em todos os talhões. Dessa forma, amenizamos alguma falha que possa ocorrer na manutenção da lâmina d’agua.


  • Dependendo da região e época de plantio, devemos ter cuidado a baixas temperaturas. Alguns cultivares podem ser mais sensíveis à determinados grupos químicos, assim como algumas formulações também podem ser mais propensas a fitotoxixidade, principalmente se tivermos temperaturas abaixo de 14°C em média.


Lavoura inundada após aplicação de herbicida. Foto: Gustavo Dias Grill.


Entre às plantas daninhas mais relevantes, temos o capim-arroz (Echinochloa cruspavonis) ou inço e, mais recentemente, o junquinho(Cyperus sp.). Além desses, também se destaca o arroz vermelho (Oryza sativa L.), que causa má aparência dos grãos para o consumidor final, em decorrência da sua coloração (vermelha ou preta). 


Dessa forma, reforçamos que as lavouras arrozeiras do estado do Rio Grande do Sul possuem uma variabilidade ambiental muito grande. Semeaduras variando de primeiro de setembro, até 15 de novembro, por exemplo. Trazendo realidades de temperatura (do ar e solo), luminosidade e pluviosidade distintas. Afetando diretamente na dinâmica de desenvolvimento do arroz e das plantas daninhas. 

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