Para que se tenha uma ideia, dos 37 milhões de hectares de soja cultivados no Brasil, cerca de 16 milhões estão infestados com Buva resistente ao glifosato e outros 17 milhões com a presença de Capim-Amargoso, também resistente ao glifosato. Em muitas regiões com a ocorrência simultânea dessas duas espécies.
Impacto das plantas daninhas na soja
Os efeitos negativos das plantas daninhas em lavouras incluem a redução do rendimento da cultura, aumento do custo de produção, dificuldade de colheita, depreciação da qualidade do produto, hospedagem de pragas e doenças e diminuição do valor comercial das áreas cultivadas.
Estima-se que as perdas na produção de grãos causadas pelas plantas daninhas sejam superiores a 15%, variando com a cultura e a espécie daninha presente na área. No caso da soja existem informações de perdas próximas a 30% quando intensamente infestadas. Outros dados indicam que, somente a presença de 1 planta de Buva (Conyza spp) por m2 já é suficiente para reduzir de 4 a 12 % a produtividade da soja.
Danos causados pelas plantas daninhas
Os danos causados pelas plantas daninhas estão associados à interferência causada por essas plantas sobre a cultura, caracterizada com alelopatia e competição. A alelopatia é a liberação de compostos (exudatos) pelas plantas daninhas, os quais afetam negativamente o desenvolvimento da cultura. Já a competição é caracterizada pela disputa pelos recursos existentes no meio, como: água, nutriente e luz, principalmente.
A intensidade da interferência entre as plantas daninhas e as culturas depende de fatores como espécie, população e distribuição das plantas daninhas, cultivar, espaçamento e densidade da cultura. Todos esses fatores poderão ser influenciados pelo ambiente e pelo período no qual ocorrer a interferência.
Algumas características aumentam o dano causado pelas plantas daninhas. Por exemplo, plantas que emergirem antes da cultura serão mais competitivas. Da mesma forma, quanto maior a população de plantas daninhas na área mais intenso será o dano. Características como rápido desenvolvimento, estatura e maior área foliar são importantes na determinação da habilidade competitiva sobre a cultura
Importância do controle precoce de plantas daninhas
Quando se fala de controle de plantas daninhas entende-se como a necessidade de eliminar a interferência que estas causam com a cultura, antes da ocorrência dos danos no rendimento, os quais acontecem nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura.
O atraso na época do controle de plantas daninhas pode causar perdas significativas no rendimento de grãos da soja. Observa-se na Figura 1 que as plantas daninhas não controladas causaram reduções de 5 a 10 sacas/ha na medida em que conviveram com a soja a partir dos 14 dias após a emergência da cultura.
Quantidade ou qualidade de luz?
A competição se dá muito antes de ocorrer o sombreamento das plantas. Ou seja, a presença de plantas daninhas, altera além da quantidade a qualidade da luz incidente no solo e, assim afeta o desenvolvimento da cultura. Esta modificação na qualidade da luz é a responsável por muitas alterações morfológicas na arquitetura das plantas, como a diminuição das ramificações na soja. O menor número de ramificações traz como consequência a redução no número de nós por área, refletindo negativamente na produtividade da cultura.
Herbicidas pré-emergentes: efeito residual
O objetivo do controle é impedir que estas sinalizações entre plantas daninhas e cultura ocorram. A forma de evitar que isso aconteça é eliminar as plantas daninhas o mais cedo possível dentro do ciclo da cultura. Neste sentido, o uso de herbicidas pré-emergentes destaca-se como estratégia eficiente na eliminação da matocompetição inicial, pois estes possuem efeito residual que impede ou atrasa ao máximo possível a emergência das plantas daninhas na área.
No momento em que a emergência é atrasada, a cultura encontra as melhores condições para o seu estabelecimento, livre da competição por água, nutrientes e luz. É claro que novos fluxos de emergência poderão ocorrer, mas o primeiro fluxo, que é o mais competitivo já estará controlado.
Para que se tenha uma ideia, dos 37 milhões de hectares de soja cultivados no Brasil, cerca de 16 milhões estão infestados com Buva resistente ao glifosato e outros 17 milhões com a presença de Capim-Amargoso, também resistente ao glifosato. Em muitas regiões com a ocorrência simultânea dessas duas espécies.
Figura 1 – Perdas no rendimento de grãos da soja em função de épocas de controle de plantas daninhas na pós-emergência da soja
Controle em pré-emergência
O controle de plantas daninhas pode ser realizado com herbicidas pré ou pós-emergentes. No caso dos pré-emergentes, os mesmos devem ser aplicados antes da emergência das plantas daninhas e cultura, em aplicações aplique:plante ou plante:aplique. Herbicidas desta categoria são caracterizados pelo controle do fluxo de emergência das plantas daninhas e pelo seu elevado residual de controle.
Porém, é importante salientar que independente do controle ser realizado em pré ou pós-emergência é fundamental lembrar que a semeadura deve ser feita do limpo, ou seja, sem a presença de plantas emergidas antes da cultura.
Controle em pós-emergência
No controle em pós-emergência o conhecimento do período de convivência e a época de emergência das espécies daninhas em relação a cultura são fundamentais na determinação no momento de controle das plantas daninhas dentro da cultura da soja.
As plantas daninhas normalmente estão presentes nos estádios iniciais de desenvolvimento das culturas, oriundas de um novo fluxo de emergência ou de sobras de dessecação. Em geral, quanto maior for o período de convivência maior será o grau de interferência, por isso a importância em conhecer os períodos para orientar o controle na época correta, possibilitando assim, que a cultura expresse seu máximo rendimento potencial.
Os herbicidas pós-emergentes são aplicados sobre plantas daninhas e culturas já emergidas. A época de início do controle em pós-emergência, em relação a cultura, influencia no seu crescimento e no rendimento de grãos. O período em que os efeitos das plantas daninhas efetivamente causam prejuízos à cultura e durante o qual a competição não pode existir é chamado de “período crítico de competição”.
Períodos de controle
O período crítico de competição ocorre, na maioria das situações, entre os estádios V2 (dois nós) e V7 (sete nós) da cultura da soja. Em havendo plantas daninhas na área, o momento de se iniciar o controle é entre os estádios V2 e V3 da soja, como representado na Figura 2.
O atraso no início de controle para além do estádio V3 causa perdas significativas no rendimento da soja, como pode ser observado na Figura 1.
Figura 2 – Representação do momento de controle de plantas daninhas em pós-emergência na cultura da soja.