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O que é aplicação zero na soja e quando fazer?

A complexidade do manejo de doenças na cultura da soja tem se elevado nos últimos anos, carecendo da avaliação de novas estratégias de manejo. Entre as principais alternativas, fala-se sobre o potencial de uso da “aplicação zero” de fungicidas em soja.

Afinal, o que é a aplicação zero?


A aplicação zero de fungicidas é a aplicação que ocorre cerca de 25 a 30 dias após a emergência da soja (no RS), coincidindo com os estágios V3-V4 da cultura e, no momento em que a cultura está mais predisposta ao ataque de diversos patógenos, principalmente devido ao limite residual do tratamento de sementes. Essa aplicação é realizada antes da primeira aplicação propriamente dita ou a chamada primeira aplicação “verdadeira” que é feita no pré-fechamento das linhas, entre os estádios V6-V8 da cultura. Tem como objetivo reduzir a incidência das manchas foliares, oídio e consequentemente proteger o “baixeiro” da planta a fim de proporcionar maior proteção contra esses fitopatógenos.


Esse manejo antecipado, com a entrada dos fungicidas nos estádios V3-V4 (Figura 1) são ainda mais importantes quando as condições climáticas nessa fase da cultura são extremamente favoráveis para o aparecimento de manchas foliares.



Figura 1: Soja em estádio V3-V4. Foto: Marcelo Lima – Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento da 3tentos.



Em quais situações fazer a aplicação zero?


Alguns resultados de campo nos indicam que esta aplicação é indicada principalmente para aquelas áreas onde não há rotação de culturas, histórico de incidência e alta severidade de manchas foliares, ausência ou baixa cobertura de palha no solo,condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do complexo de manchas desde o início do ciclo, cultivares sensíveis, entre outros fatores associados. Em condições como essas, a entrada de fungicidas em V3-V4 protegerá as folhas do “baixeiro” que estão próximas à superfície do solo, ou seja, essas folhas geralmente estão mais expostas a entrada de inoculo oriundos dos restos culturais da safra anterior que abrigam fitopatógenos causadores das manchas foliares desde os estádios iniciais da cultura da soja. A ocorrência de manchas é fortemente variável de região para região dentro do Rio Grande do Sul, todavia, destaca-se dentro do complexo de manchas foliares a ocorrência de septoriose, mancha alvo, cercosporiose e antracnose.


Além disso, apesar de não compor este grupo, também podemos elencar o oídio e ferrugem asiática (dependendo da época de semeadura) que podem causar danos a cultura desde os estágios iniciais, no entanto as manchas foliares (Figura 2) são o principal foco da aplicação zero.


Em regra geral, devemos evitar que esses patógenos que causam as manchas foliares iniciem seu desenvolvimento e evoluam para níveis de difícil controle; pois quanto mais jovem a planta de soja, maior a susceptibilidade à infecção por alguns fungos em especial os necrotróficos típicos causadores de manchas foliares. Nesse sentido, é recomendado realizar uma aplicação de fungicidas para proteger a cultura, podendo ser utilizado um fungicida de baixo custo. Os grupos de fungicidas mais utilizados para esta aplicação são, mistura de triazóis + estrobilurinas, triazóis + benzimidazóis ou produtos que contenham misturas de dois triazóis. 



Figura 2 – A): Mancha alvo. B) Septoriose. C) Antracnose. D) Cercosporiose. E) Oídio. F) Ferrugem. Foto: Marcelo Lima – Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento da 3tentos.



Em quais situações não fazer a aplicação V0?


Um dos fatores que devem ser levado em consideração é a logística e a operacionalização de máquinas de pulverização na lavoura. Nesse sentido, o intervalo entre a aplicação zero e a primeira aplicação na soja fica em torno de 10 a 12 dias, logo não se recomenda a aplicação zero, se a mesma causar um atraso na primeira aplicação de fungicidas (pré-fechamento de linhas) que ocorre nos estádios V6-V8.


Áreas com baixa quantidade de inóculos como áreas de 1º ano e/ou onde não teve cultivo de soja, alta densidade de palhada no solo, áreas com adoção da rotação de culturas aliados com a condição climática desfavorável ao desenvolvimento do patógeno e cultivares resistente, têm chances de serem menos beneficiadas com essa aplicação.



Fatores importantes que devem ser ressaltados


  • Incompatibilidade dos fungicidas com herbicidas: É importante lembrar que o momento da aplicação zero coincide com a aplicação de glifosato na soja (capina química) para o manejo de plantas daninhas na cultura. Logo se recomenda evitar misturas de tanque que baixem o pH para valores menores que 5,0; pois esses causam menor controle das doenças e também potencial de causar fitotoxicidade nas plantas.


  • Não é a 1° aplicação de fungicidas na lavoura: A aplicação zero não pode ser confundida ou substituir a aplicação do pré fechamento de entre-linhas, pois são cenários e focos diferentes usados em cada um dos momentos.



Conclusão


Em resumo, cabe ressaltar a importância da aplicação zero como meio de redução da incidência de doenças nas fases iniciais da cultura da soja, principalmente para o complexo de mancha foliares. Além disso, é importante a realização das boas práticas agrícolas sempre levando em consideração a realidade de cada área/região associado as condições climáticas, época de semeadura e escolha das cultivares, a fim de, obter sucesso no posicionamento desta prática agrícola.


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