Atualmente, as pulverizações agrícolas são de extrema importância para o produtor rural, pois auxiliam no controle de grande parte das variáveis que ameaçam sua lavoura. Por outro lado, os produtos químicos utilizados durante a safra também podem ser vistos como vilões no orçamento, devido a seu valor elevado.
Caso seja necessário reaplicar o produto, os valores podem afetar ainda mais o bolso do produtor. As condições ambientais incorretas são os principais fatores que levam a ineficácia do produto, forçando o agricultor a realizar mais de uma aplicação.
Sendo assim, com o objetivo de elevar o potencial da aplicação, é importante ficar atento às condições climáticas, fazendo com que o produto — e, por consequência, o dinheiro investido nele — seja muito mais eficiente.
A seguir, falaremos sobre as variáveis climáticas ideais e os aspectos mais importantes na mistura de calda.
Temperatura
A temperatura é uma das maiores influenciadoras em uma aplicação, podendo ser um fator limitante quando está muito alta e, em alguns casos, quando está baixa.
Se a temperatura estiver alta no momento de determinada aplicação, ocorrerá o processo de evaporação de umidade, resultando em uma corrente térmica ascendente. Dessa forma, no momento em que a gota é liberada pelo processo de pulverização, haverá uma corrente que irá contra a direção desejada da gota, fazendo com que ela fique no ar por mais tempo. Isso dificulta com que a gota atinja o seu alvo e aumenta a possibilidade dela ser levada para outras direções por correntes de vento.
É recomendada a aplicação em temperaturas de até 32°C. Para temperaturas baixas (menores que 15°C), é importante observar certos tipos de produtos. Os sistêmicos e os de translocação, por exemplo, não funcionarão de modo eficaz em temperaturas baixas, pois o metabolismo da planta também estará baixo, dificultando a absorção e a ação desses produtos.
Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar é considerada como a variável climática mais importante a ser analisada no momento da aplicação, visto que é a principal responsável pela evaporação de uma gota de pulverização.
A gota, quando liberada do processo de pulverização para atingir o alvo, perderá umidade até o fim de sua trajetória. Quanto menor for a porcentagem de umidade no ar, mais rápido ocorrerá este processo, fazendo com que, muitas das vezes, a gota nem chegue a atingir o alvo. Por isso, é importante sempre verificar a umidade relativa do ar, que, em aplicações normais, não deve estar abaixo de 55%, e nem maior do que 95%.
Ventos
Em uma situação de ventos muito fortes, a aplicação pode gerar deriva. Isso ocorre quando as partículas liberadas pela pulverização não atingem de forma adequada o seu alvo, atingindo outros locais.
Situações de calmaria, quando a velocidade do vento está entre 0 e 2 km/h, também exigem atenção. Nessas condições, acontece um fenômeno denominado de inversão térmica, quando o ar quente se deposita em uma camada próxima ao chão, sendo retido por uma camada de ar frio. Isso faz com que as partículas fiquem em suspensão por mais tempo, ocasionando perdas, de um modo indireto.
As condições ideias de velocidade são acima de 2 km/h, já a velocidade máxima deve se manter entre 10 e 12 km/h.
Condições de chuva
Em condições de chuva, ocorrerá uma lavagem das folhas, levando a perdas em todo o produto que estará sendo depositado sobre a folha. Nesse caso, é importante que o produtor fique atento às previsões de chuva que virão após a aplicação, uma vez que a planta precisa de tempo para absorver totalmente o produto.
Todos os fatores relacionados acima devem estar atuando para uma boa aplicação
Preparo da calda
A busca pela otimização da capacidade operacional dos pulverizadores tem incentivado a aplicação de caldas cada vez mais complexas, notadamente devido ao uso de misturas contendo os produtos fitossanitários, adjuvantes e adubos foliares.
É comum a recomendação de que as misturas complexas sejam validadas antes de sua efetivação nos tanques dos pulverizadores, através do que se convencionou a chamar de “teste da garrafa”.
Apesar de não haver uma norma técnica ou procedimento padronizado para este teste, ele é frequentemente descrito no campo como uma “mistura prévia dos produtos na exata proporção esperada no tanque”. Neste sentido, o operador deve proceder a mistura dos produtos em uma escala reduzida, simulando a sequência de mistura e as proporções dos produtos e da água exatamente como ocorreria no tanque do pulverizador. Essa mistura pode ser feita dosando-se os produtos e componentes da calda com provetas e seringas. Com o uso destes elementos é possível reproduzir exatamente o que aconteceria no tanque do pulverizador, facilitando a visualização prévia de problemas de incompatibilidade dos produtos (formação de precipitado ou sobrenadante).
Em termos práticos, é recomendado que a sequência de mistura no tanque do pulverizador ou no misturador de calda seja referenciada do “mais fácil” para o “mais difícil”:
1º - Colocar água no tanque ou misturador;
2º - Ligar agitação;
3º - Colocar adjuvantes condicionadores de calda, surfactantes e emulsionantes;
4º - Colocar substâncias altamente solúveis em água (sólidas ou líquidas);
5º - Colocar líquidos concentrados;
6º - Colocar adubos, micronutrientes e outros adjuvantes;
7º - Colocar produtos de base oleosa.